Outra possibilidade é que a placa, assim como as bolas, com encaixes na parte inferior, teriam a destinação de ornamentar duas fortalezas que seriam construídas no Estreito de Magalhães”, observa Gabriel Corrêa, diretor do projeto.
Esta foi a segunda operação de resgate de objetos localizados por mergulhadores do Projeto Barra Sul nas imediações do acesso marítimo sul para a Ilha de Santa Catarina. A primeira operação, em junho, trouxe à tona uma peça de mais de 800 quilos com desenhos em alto relevo de dois leões, dois castelos e, ainda, o padrão português – marcas do reino de Leon e Castilla, durante o período da União Ibérica, que durou de 1580 a 1640.
Assim como a primeira peça, as mais recentes resgatadas também seguem nesta terça-feira para o laboratório do Grupep-Arqueologia da Unisul, em Tubarão, onde passarão por um processo de dessalinização e higienização para conter a deterioração do material. Em seguida, serão estudadas.
Os indícios, por enquanto, remetem à nau provedora San Esteban. Ela fazia parte de uma frota de 23 embarcações que saíram da Espanha na virada do ano de 1582. Registros encontrados pela pesquisadora Liliane Mota da Silveira indicam que a nau, carregada de ferramentas e ornamentos para suprir a construções de duas fortalezas no Estreito de Magalhães, para conter os avanços dos piratas ingleses nos domínios espanhóis, naufragou no dia 7 de janeiro de 1583. Liliane, da Set Produções, está fazendo um levantamento histórico para um documentário sobre o assunto, inclusive encontrou documento do comandante da embarcação falando que transportava a placa com os brasões da União Ibérica e a peça com as inscrições em latim.
Novas operações de resgate estão previstas apenas para o verão, quando as águas estiverem mais propícias ao mergulho. É que a próxima peça a ser retirada do mar é um imenso canhão, com data de fundição de 1565, bem mais pesado, e que exigirá cuidados especiais. Outros objetos já foram localizados, como fragmentos de cerâmica, pedras de lastro (utilizadas para equilibrar as embarcações) e projéteis de vários calibres.
Durante os trabalhos, os mergulhadores esperam ainda encontrar o canhão de sinalização, que toda embarcação da época possuía e onde seu nome era gravado. Seria a confirmação definitiva de que os destroços, que começaram a ser localizados pelo Projeto Barra Sul em 2005, com o apoio da Fapesc (Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina), são do naufrágio mais antigo já localizado em águas brasileiras.
Assessoria de Imprensa - Divulgação Científica
Unisul – Universidade do Sul de Santa Catarina
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