"Participar do board é importante porque toda a direção da pesquisa da NSF passa por ele. Qualquer mudança de rumo precisa passar pelo board, inclusive os grants de valor mais alto. O board se reúne cinco vezes por ano", explicou Moran à revista Pesquisa FAPESP.
Composto pelo diretor da NSF e por 25 membros, apontados pelo presidente dos Estados Unidos, o conselho, denominado National Science Board (NSB), tem duas importantes missões.
A primeira é estabelecer diretrizes para a NSF, no âmbito das políticas nacionais aprovadas pelo presidente e o Congresso dos Estados Unidos. Para isso, o conselho identifica questões que são fundamentais para o futuro da NSF, aprova orientações orçamentárias estratégicas e a submissão do orçamento anual da instituição ao Escritório de Administração e Orçamento norte-americano, além de novos programas e financiamentos à pesquisa.
A segunda missão do NSB é servir como um órgão independente de conselheiros tanto para o presidente como para o Congresso dos Estados Unidos sobre questões políticas relacionadas à ciência e engenharia, além de educação nessas duas áreas.
Além de importantes relatórios, o conselho também publica ocasionalmente recomendações de políticas públicas e declarações sobre questões importantes para a ciência e engenharia nos Estados Unidos.
Relações com o Brasil
Considerado um dos cientistas pioneiros no campo de estudos que combinam as ciências naturais e sociais para entender as interações homem-ambiente, Moran foi eleito para a Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos em 2010.
Além de professor da Michigan State University, Moran é pesquisador do Centro de Observação da Terra e Mudanças Globais e do Centro para Integração de Sistemas e Sustentabilidade da mesma universidade, autor de 11 livros e de mais de 200 artigos publicados em periódicos científicos.
Com uma longa experiência no Brasil, resultante de quatro décadas de pesquisa sobre as transformações em curso no setor rural brasileiro, em especial na Amazônia, Moran iniciou em 2013 um projeto científico, apoiado pela FAPESP, que irá avaliar os impactos sociais e ambientais da construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, próxima à cidade de Altamira, no Pará.
A pesquisa, intitulada “Processos sociais e ambientais que acompanham a construção da hidroelétrica de Belo Monte, Altamira, PA”, tem apoio da FAPESP por meio do SPEC, programa que visa propiciar a vinda ao Brasil de pesquisadores de primeira linha do exterior para criar núcleos de pesquisa em universidades paulistas.
Moran coordena uma equipe multidisciplinar de pesquisadores, de várias universidades brasileiras, centralizada pelo Núcleo de Estudos Ambientais (Nepam) da Unicamp, ao qual ele está vinculado.
Participam da equipe cientistas da Universidade Federal de Santa Catarina, da Universidade Federal do Pará e da Universidade Estadual do Pará (Leia mais sobre a pesquisa em agencia.fapesp.br/18598/).
"Quase todo o levantamento de dados do projeto SPEC está feito, falta avaliar um assentamento rural, porque ele ainda não foi construído. São amostras grandes. Estamos avaliando os impactos em áreas urbanas, rurais e em assentamentos. Mas ainda é cedo para falar de resultados. O que está evidente é que não houve planejamento, nem público nem privado. Belo Monte estava em discussão há muito tempo, mas ninguém se preparou para sua construção. A população dobrou em um ano e meio na região, o que gerou crise na educação e colapso sanitário, envolvendo inclusive o abastecimento de água potável", adianta Moran.
“Talentos para servir ao povo”, diz Obama
Moran, como os demais membros do NSB, terá mandato de seis anos. A lei que criou a NSF, em 1950, estabeleceu que os nomeados para o conselho devem ser pessoas eminentes nos campos das ciências básicas, médicas e sociais, além de na engenharia, agricultura, educação, gestão da pesquisa ou assuntos públicos, e escolhidos de modo a proporcionar a ampla representação dos pontos de vista de líderes científicos e da engenharia em todas as áreas da nação norte-americana.
O atual conselho é presidido pela vice-presidente de pesquisa do Massachusetts Institute of Technology (MIT), Maria Zuber, e composto por cientistas das áreas de Física, Engenharia Química, Biologia, Ciência da Computação, Astronomia e Educação, entre outras.
Entre os atuais membros do conselho estão o matemático Vinton Gray Cerf, referenciado como um dos criadores da internet e que desde 2005 é vice-presidente e “Chief Internet-Evangelist” do Google.
Além de Moran, o presidente Barack Obama também nomeou Victor McCrary, vice-presidente para pesquisa e desenvolvimento econômico da Morgan State University, dos Estados Unidos, para o conselho da NSF.
“Sou grato por essas pessoas talentosas e dedicadas concordarem em assumir esses papéis importantes e dedicar seus talentos para servir ao povo americano. Estou ansioso para trabalhar com eles”, disse Obama em comunicado publicado pela Casa Branca.
Agência FAPESP