Promovido pelo Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Integração da América Latina (Prolam) com o apoio da FAPESP, o evento tem o objetivo de integrar o conhecimento científico sobre os 21 países da região nas áreas política, econômica, social, cultural e dos direitos.
“Nós estamos recebendo mais de 500 estudantes e pesquisadores de excelência acadêmica vindos de todos os países latino-americanos, o que não só fortalece laços acadêmicos, políticos, sociais e culturais entre latino-americanistas do Brasil e de todo o continente como ajuda a consolidar a presença institucional das universidades brasileiras na região”, disse Lisbeth Ruth Rebollo Goncalves, coordenadora do Prolam.
A cerimônia de abertura contou com a presença dos cônsules de cinco países latino-americanos: Peru, Colômbia, México, Cuba e Equador. As autoridades falaram de suas expectativas sobre a programação, que conta com 25 seminários de pesquisa sobre questões prementes do continente, além de minicursos, conferências e mesas-redondas.
“A América Latina deu uma grande lição ao mundo e a si mesma ao mostrar, depois de quase duas décadas, que a luta contra a pobreza é possível de ser vitoriosa. Nos últimos 14 anos nossa região passou por uma profunda transformação social: pela primeira vez, há mais pessoas vivendo na classe média do que em situação de pobreza. Agora, somos uma sociedade mais conectada e com mais expectativas. Mas o desafio de ganhar a luta contra a pobreza e a desigualdade permanece, e o conhecimento científico, que foi fundamental para as conquistas até aqui, segue sendo um dos principais caminhos para avançarmos”, disse Arturo Jarama, cônsul do Peru.
De acordo com Jarama, é preciso melhorar a qualidade da educação e ampliar o acesso da população aos avanços tecnológicos.
“Há 30 anos, nossas preocupações e discussões eram sobre a recuperação da democracia e a luta contra as ditaduras militares; hoje, procuramos ter melhores democracias, mais transparentes, com maior fiscalização, mais participativas e menos corruptas, para que a população tenha uma educação de melhor qualidade e mais acesso à tecnologia que melhora sua qualidade de vida. O desenvolvimento das ciências sociais é um fenômeno que ajudou muito para a construção de nossas democracias e seu aperfeiçoamento. Foram os cientistas que ajudaram a construir o caminho que nos levou ao entendimento de que o compromisso democrático é mais efetivo para o bem-estar dos mais pobres de nossos países”, destacou.
Para Margarita Perez, cônsul do México, a integração dos países do continente pode ajudar na resolução de problemas globais e locais.
“A análise dos fenômenos globais por que passamos atualmente requer uma profunda reflexão não só por parte de cada país, mas por meio da integração de todos. Enfrentamos desafios comuns: a superação da pobreza, a ampliação do acesso à educação, o empoderamento das mulheres, a construção de instituições mais sólidas e transparentes. É possível aprendermos juntos com nossos erros e acertos”, disse.
Perez destacou ainda o caráter multidisciplinar da programação: “A América Latina é formada por um grande mosaico de identidades, com uma bagagem cultural muito rica. Somos sociedades multiculturais. Pensar e repensar a América Latina significa refletir sobre a diversidade e de que maneiras toda essa pluralidade pode se unir. Dessa forma, é preciso refletir não só sobre política, economia, sociedade e cultura, mas também sobre nossa identidade na literatura, na música, na dança, na pintura – da milonga à salsa, da cachaça à tequila, da tequila ao pisco, de Neruda a García Márquez, de Frida a Tarsila.”
Oliverio Torres Serrano, cônsul colombiano, destacou o simpósio como uma oportunidade de integração e o papel do Brasil e da Colômbia no processo.
“A América Latina tem buscado fortemente a integração, que nem sempre tem sido feliz e ainda está longe de ser realizada plenamente. Este evento é um facilitador nesse sentido e a Colômbia está convencida não só das oportunidades econômicas, mas também sociais vindas da transferência de experiências. O Brasil é uma liderança dentro da América Latina em diversos aspectos e a Colômbia ocupa um lugar geopoliticamente privilegiado, quase que unindo dois continentes. Precisamos trabalhar juntos”, afirmou.
Também participam do evento Aurin Guerrero Chacón, cônsul de Cuba; Luiz Wladimir Vargas Anda, do Equador; Alejandro Borba, embaixador da Colômbia, além de autoridades do poder público brasileiro e da USP.
A programação do II Simpósio Internacional Pensar e Repensar a América Latina segue até a sexta-feira (21/10), quando José Goldemberg, presidente da FAPESP, participa da mesa redonda O Futuro Tecnológico e Ambiental da América Latina, ao lado de Ildo Luis Sauer, vice-diretor do Instituto de Energia e Ambiente da USP e ex-diretor executivo da Petrobras.
A programação completa está disponível em sites.usp.br/prolam.
Agência FAPESP