Na ocasião, eles já tinham a ideia de atuar com os Núcleos de Inovação Tecnológica das universidades brasileiras a partir de seus portfólios de tecnologias, sendo a UFSCar uma de suas convidadas.
A parceria está funcionando por meio do LePont (a ponte), recente iniciativa franco-brasileira promovida pela Embaixada da França no Brasil e o Serviço Nacional de Aprendizado Industrial (SENAI-SP), que funciona como conexão entre a indústria e a academia por meio da adequação de soluções criadas nas universidades à realidade da produção industrial, visando acelerar o processo de transferência de tecnologia.
O projeto é baseado numa rede de parceiros – atores franco brasileiros – que atuam no desenvolvimento da inovação tecnológica e novos negócios, criando uma ponte entre o mundo empresarial e acadêmico, através da prospecção de demandas das indústrias e da busca por soluções produzidas pelas universidades francesas e brasileiras.
De acordo com o especialista em Inovação Tecnológica do Ministério de Assuntos Internacionais da França que atua na Embaixada Francesa no Brasil, Cyrille Munoz, o objetivo da parceria é aumentar e acelerar a transferência de tecnologias acadêmicas para empresas que querem investir no Brasil ou desenvolver uma inovação na França. “Este processo visa reduzir o tempo e o custo do desenvolvimento de novas tecnologias baseadas nas invenções acadêmicas, aumentando a competitividade empresarial”, declarou.
O especialista explica que a ideia do projeto surgiu por meio de sua experiência de mais de 10 anos como diretor da Agência de Inovação na Universidade Federal de Toulouse, no sul da França, sendo mais de 15 anos de atuação no setor da inovação na França e no Brasil. “A problemática da transferência tecnológica entre o meio acadêmico e empresarial é minha preocupação há muitos anos e agora temos na França uma experiência robusta sobre o assunto”. Ele afirma que a França tem forte política de inovação, onde foram investidos mais de 900 milhões de euros para favorecer a transferência tecnológica entre a academia e a indústria por meio da criação de um modelo de Sociedade de Aceleração da Transferência Tecnológica (SATT) em 2011, sendo o modelo de LePont inspirado nesse dispositivo.
Para Cyrille Munoz, a inovação – considerada como novo produto, processo ou serviço – não surge de si própria a partir de pesquisas feitas nos laboratórios ou escritórios de marketing das empresas, mas nasce da intersecção desses dois e se fortalece com o apoio de profissionais intermediários, técnicos e gestores envolvidos no desenvolvimento de projetos de inovação. Nesse âmbito, o papel do SENAI é fundamental pelo conhecimento da cultura industrial, especificações técnicas, além de sua infraestrutura de ponta. Assim, o programa LePont funciona em modo cooperativo, tirando o melhor proveito de todos os parceiros com o objetivo de acelerar a transferência da tecnologia solicitada pelas empresas para o desenvolvimento da competitividade.
A UFSCar, foi uma das universidades escolhidas para compor a parceria – junto da Unicamp e Unesp – pela excelência em pesquisa, reconhecida no Brasil e no exterior, de acordo com o especialista, sendo que sua Agência de Inovação possui agilidade, experiência e profissionalismo com grande potencial de tecnologias inovadoras em destaque nacional.
A diretora executiva da Agência de Inovação da UFSCar, Ana Lúcia Vitale Torkomian, presume que a iniciativa estimule a aproximação entre universidade e empresa, visando o licenciamento e a transferência do conhecimento desenvolvido na academia para o setor empresarial francês, com a prospecção de demandas das indústrias francesas sobre as tecnologias brasileiras que podem interessá-las. “A transferência de tecnologia é o principal objetivo e a maior preocupação dos Núcleos de Inovação, por isso, para nós, é motivo de orgulho e comemoração estabelecer esse tipo de parceria. Essas ações demonstram o desenvolvimento de nossa Universidade com tecnologias que podem contribuir para a solução de problemas do mercado nacional e, agora, europeu. Estamos internacionalizando nossas pesquisas”, finalizou.