De acordo com a Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação da UFPA (Propesp) a maioria das bolsas já é custeada pela universidade. Em 2015, das 1.200 bolsas de iniciação científica concedidas, 50% foram concedidas pela Universidade, 35% pelo CNPq e 15% pela Fapespa. Para diminuir o impacto do corte das bolsas anunciado pelo CNPq, a federal paraense compensou com o seu orçamento as 80 bolsas que deixou de receber do Conselho, mantendo o mesmo número de bolsas para 2016.
A pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação da UFPA, Iracilda Sampaio, explica que, embora não haja redução no número de bolsas este ano, a UFPA sofre com a redução dos benefícios custeados pelo CNPq.
Corte contradiz crescimento da pesquisa na universidade - “Pesquisadores que antes poderiam receber duas bolsas de iniciação científica – como previsto no edital - só puderam receber uma bolsa em 2016; e pesquisadores que se qualificaram e se planejaram para ter pelo menos uma bolsa, não vão ter, porque o corte veio acompanhado de uma demanda crescente por bolsas, ou seja, mais alunos que precisam e mais professores qualificados e nós não temos essas bolsas pra ofertar. Portanto, nós temos um corte efetivo que vai impactar muito a graduação e a pós-graduação”, enfatiza.
O Programa de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic) tem como objetivo apoiar a criação e consolidação de grupos de pesquisa e qualificar o ensino de graduação nas universidades públicas brasileiras. As bolsas são concedidas a graduandos que recebem orientação de docentes e técnicos, coordenadores ou participantes de projetos de pesquisa registrados na Instituição.
Laboratórios podem não funcionar por falta de recursos e de bolsistas - De acordo com a Pró-reitora, esses cortes irão impactar de duas maneiras: na formação do aluno e na produção de pesquisa, sendo que ambas sofrem uma influência cíclica.
“Além de nós não termos o aluno dentro do laboratório, ajudando e aprendendo a fazer pesquisa, nós não temos recursos para comprar os insumos para fazer essa pesquisa. Por conta disso, corremos o risco de alguns laboratórios, principalmente os novos, que estavam esperando recursos para a compra de seus equipamentos e materiais de consumo, pararem de funcionar. Com os laboratórios fechados por falta de recursos, os alunos não tem a chance de aprender a fazer pesquisa, que é algo básico numa instituição. Isso, a longo prazo, é uma situação muito preocupante porque pode afetar a pós-graduação”, alerta.
Previsão para 2017 é incerta - Iracilda Sampaio ressalta, ainda, que os cortes também desestimulam os pesquisadores. “Os jovens doutores, que estão ingressando na Instituição, se sentem desestimulados a fazer pesquisa porque não têm acesso aos recursos que tiveram nos últimos anos”.
Para 2017, o cenário que se apresenta, segundo a Pró-reitora, é de incertezas no ensino superior. “Nós não sabemos o que vai acontecer. Nós tínhamos um governo que investiu muito no ensino superior. O Brasil é um dos poucos ou talvez o único onde o ensino é público e gratuito desde o infantil até a pós-graduação. Além de ser público e gratuito, o governo ainda concede bolsas. Pelo que estamos vivenciando até agora é uma sinalização para a privatização do ensino superior. E se isso vier a ser concretizado, será um desastre para a sociedade, sobretudo para um Estado como o nosso, que tem um grande número de alunos carentes”.