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favelaUm trabalho de mestrado realizado na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade de São Paulo (USP), com estágio na Architectural Association Graduate School, em Londres, Reino Unido, ficou em primeiro lugar na LafargeHolcim Forum Student Poster Competition, realizada em abril, nos Estados Unidos, por desenvolver estratégias que podem melhorar o conforto ambiental em edificações e espaços públicos da favela de Paraisópolis, em São Paulo (SP).
Entre 2013 e 2014, o arquiteto Eduardo Pimentel Pizarro fez visitas à comunidade, na Zona Sul da capital paulista, enquanto desenvolvia a pesquisa "A qualidade socioambiental dos espaços livres de favelas: estudo e proposição com referência na Cidade de São Paulo", realizada com apoio da FAPESP e orientada por Joana Carla Soares Gonçalves, professora da FAU-USP.

No trabalho de campo foram feitas medições de temperatura, umidade e velocidade do vento em casas e pontos externos que, com a ajuda de softwares, possibilitaram a realização de simulações de medidas para ventilar e resfriar os locais e trazer maior conforto ambiental.

“Todo esse trabalho de campo, seguido das simulações e análises realizadas ao longo da pesquisa, possibilitou uma maior compreensão sobre como esses interstícios urbanos – tudo o que está entre as edificações, como calçadas, ruas, praças e quintais – podem ser organizados de forma a contribuir com o conforto ambiental das pessoas, trazendo também benefícios ambientais, urbanos e sociais para a comunidade”, conta Pizarro.

Entre as estratégias apresentadas pelo trabalho está uma que se baseia na forma de assentar tijolos e blocos de modo que a construção proporcione mais ventilação ao ambiente e o proteja da incidência direta do sol, melhorando o conforto ambiental no espaço interno das residências. O arquiteto se baseou em materiais já utilizados pelos moradores, como tijolo maciço, bloco cerâmico vazado e blocos de concreto.

O trabalho também propõe a abertura de vãos livres em alguns pavimentos das edificações que possuem três ou quatro andares para a passagem de ventilação, acesso ao sol e criação de espaços públicos.

Para o arquiteto, “é preciso olhar para a favela buscando lições que poderiam ser aplicadas na cidade como um todo”. Com esse objetivo, Pizarro deu prosseguimento ao trabalho de doutorado "Uma São Paulo para o futuro: interstícios urbanos como infraestrutura ambiental, ergonômica e urbana", também com o apoio da FAPESP.

“Uma cidade como São Paulo é vista sob a ótica dos ‘cheios’, desconsiderando-se os vazios, volumetricamente, que acabam existindo de forma isolada, mas que constituem uma série de oportunidades latentes. Isso pode ser observado de forma mais agravada em bairros que vêm sofrendo adensamento e verticalização desde as últimas décadas. A ideia do doutorado é promover uma ressignificação e requalificação desses interstícios pautada por requisitos ambientais e urbanos, de modo a constituir uma efetiva infraestrutura para a cidade e seus habitantes”, explica.

O trabalho também é realizado na FAU-USP, com orientação de Gonçalves. Durante o mestrado, Pizarro publicou em um jornal da comunidade um guia para que os moradores apliquem algumas das estratégias propostas. O arquiteto planeja produzir uma cartilha com mais orientações.

A dissertação com os resultados da pesquisa em Paraisópolis pode ser acessada em www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16132/tde-19122014-155950/pt-br.php.

Agência FAPESP