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De acordo com Magno Junqueira, professor do Instituto de Biologia da UnB, o método foi utilizado com sucesso na identificação de mais de 70 proteínas motoras, responsáveis pelo movimento na células. Mas poderia ser aplicado a todo genoma humano – o que permitiria aos pesquisadores decifrar aproximadamente 6.500 genes que permanecem desconhecidos – o equivalente a 30% dos genes codificantes de proteínas. “O novo desafio após o sequenciamento do genoma humano, concluído em 2003, é entender a função de cada gene”, afirma.
Magno integra um grupo que vem trabalhando no tema desde 2007. São 14 pesquisadores vinculados a Harvard e à Universidade da Califórnia (EUA) e à Universidade de Dresden e ao Instituto Max Planck, na Alemanha, além da UnB. Magno cursou doutorado e pós-doutorado no Max Planck entre 2005 e 2010.
Durante esses anos, os cientistas descobriram como as diferentes proteínas motoras agem ao analisar suas interações com outras proteínas, de função previamente conhecida. Segundo Magno, a associação indica o trabalho que elas estão realizando dentro da célula. “Se você quer saber a função da proteína A e descobre que ela interage com a B, que participa da divisão celular, você tem uma dica de que A também está envolvida nesse processo”, exemplifica.
A equipe desvendou o segredo de cerca de 90% das proteínas motoras humanas. “O que a gente mostrou nesse trabalho, pela primeira vez, é o que praticamente todas as proteínas humanas motoras fazem”, afirma. Segundo ele, elas atuam na divisão, polarização e transporte, movimentando partículas e moléculas dentro da célula.
À UnB coube o trabalho de proteômica, uma área de destaque internacional na pesquisa brasileira, com núcleos de excelência na UnB. Magno conta que inseriu uma sequência de proteínas fluorescentes isoladas de uma água viva dentro das motoras. Pelo microscópio de fluorescência, pôde ver sua movimentação e retirá-las de compartimentos específicos, como o núcleo ou as mitocôndrias, juntamente com as cnases. “Uma mesma proteína motora pode controlar diversos processos, dependendo da localização dentro da célula”, explica o pesquisador.
Esse trabalho gerou o primeiro mapa de interações (interatoma) para uma classe inteira de proteínas já feito. O próximo passo agora é mapear um por um o que cada um dos genes desconhecidos pode realizar. “O toolkit [kit de ferramentas] pode se expandir para o genoma inteiro. É um método viável para se aplicar na escala dos 22 mil genes humanos, pois permite a análise de um grande numero de genes em curto período de tempo”, diz o pesquisador.
UnB Agência