
Com a gasolina artificialmente barata nos postos, o açúcar com preço elevado no mercado internacional e o petróleo do pré-sal polarizando a atenção do governo, o etanol padece de falta de competitividade, segundo as fontes ouvidas na matéria.
Enquanto isso, o setor sucroalcooleiro enfrenta uma série de problemas. Invernos muitos secos e verões excessivamente chuvosos trouxeram prejuízos para a produção canavieira, que já vinha sendo afetada pela diminuição de investimentos depois da crise financeira mundial de 2008.
Como resultado, o nível de ociosidade nas usinas aumentou nos últimos anos. E ainda que estivessem em plena atividade, não dariam conta da demanda de frota de carros flex e do mercado internacional de açúcar e etanol. Para isso, segundo estimativas do setor, seria preciso implantar 120 novas unidades no país até 2020.
Desatar o nó do etanol brasileiro exigirá do governo medidas políticas e econômicas, mas é das universidades e de centros de pesquisa que sopra mais otimismo. Há anos agências de fomento investem em estudos que visam, entre outras coisas, maior eficiência na produção do biocombustível da cana.
O santo graal das pesquisas é o etanol de segunda geração, feito a partir do bagaço da planta. É claro que o Brasil não está sozinho nessa corrida científica. O país que der primeiro esse passo conseguirá um ganho significativo de produção, sem precisar aumentar a área de cultivo. Se nossos pesquisadores alcançarem esse feito, todo o jogo pode virar.
Veja outros destaques desta edição:
Revisão do Paraíso
Livro de historiador de Franca reúne relatos de mais de cem exploradores que vieram ao Brasil no período colonial, mostrando como essa literatura de viagem ajudou a forjar o olhar negativo do europeu em relação ao Novo Mundo. Além disso, estudo põe em discussão a tese central do clássico do historiador brasileiro Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982).
O censo dos girinos
Coordenada por bióloga de São José do Rio Preto, rede nacional de pesquisa faz uma espécie de recenseamento de larvas de sapos, rãs e pererecas em cinco biomas e dez estados. Os resultados ajudarão a aperfeiçoar estratégias de conservação dos anfíbios, os vertebrados mais ameaçados do planeta.
Berçário marítimo
Grupo de São Vicente vai a Ubatuba para estudar a biodiversidade e a contaminação dos costões rochosos. Ao fornecer comida, sombra e abrigo, esses ambientes funcionam como creche para filhotes de muitos animais marinhos.
Efeito estufa
Em parceria com franceses, pesquisadores de Bauru lançam ao céu equipamentos que medem o fluxo de gases bem acima da rota dos aviões e esperam obter resultados que ajudem a prever mudanças climáticas de longo prazo.
Medicina à flor da pele
Em Botucatu, dermatologista estuda alterações cutâneas aparentemente banais, mas que podem sinalizar o início de problemas de saúde sérios e frequentes, como diabetes, osteoporose e infarto.
Roberto Rodrigues, o plantador de sonhos
Ex-ministro da Agricultura e referência brasileira em agronegócio e cooperativismo, professor de Jaboticabal defende os produtores rurais e batalha por maior eficiência e sustentabilidade no campo.