
Nascido no Cairo, Egito, em 18 de janeiro de 1943, Ades veio para o Brasil aos 15 anos. Graduou-se em psicologia em 1965 no Instituto de Psicologia da USP, onde realizou mestrado e doutorado em psicologia experimental, livre-docência, e se tornou professor titular em 1994.
Ades foi vice-diretor e diretor do Instituto de Psicologia da USP no período de 2000 a 2004 e diretor do Instituto de Estudos Avançados da USP de 2008 a janeiro de 2012.
Cooordenou o Laboratório de Etologia do Instituto de Psicologia da USP, onde desenvolveu estudos nas áreas de comportamento, cognição e bem-estar animal.
Ainda na USP, foi membro do Conselho Universitário de 1998 a 2004, do Conselho Deliberativo do Hospital Universitário de 2000 a 2004 e do Conselho Curador da Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest) de 2004 a 2008.
Suas principais linhas de pesquisa eram nas áreas de comportamento de aranhas orbitelas, preás, cães e primatas, como muriqui, guariba e mico-leão.
Era membro do International Council of Ethologists, da International Society for Comparative Psychology, da Academia Paulista de Psicologia e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Etologia, da qual foi fundador.
Fundou a Revista de Etologia e participou como membro do conselho editorial das revistas Behavior and Philosophy e Acta Ethologica.
Realizou diversos projetos de pesquisa com apoio da FAPESP. O mais recente deles foi um estudo do comportamento e organização social do preá Cavia intermédia – uma espécie endêmica das ilhas Moleques do Sul, em Santa Catarina.
Ades coordenou no IP da USP uma pesquisa com cães, em que treinou uma cadela vira-lata para diferenciar frases com dois termos e usar teclas para se comunicar com humanos.
Por meio de pesquisas com aranhas, o pesquisador comprovou que elas são capazes de memorizar informações e, por meio dessa habilidade, aperfeiçoar instintos básicos, como os relacionados à caça e à construção de teias, que era tida como uma capacidade inata e inalterável durante o ciclo de vida do animal.
Em nota, o IEA declarou que Ades era uma personalidade de grande importância no meio acadêmico brasileiro, por sua estatura científica na área de psicologia experimental, alta competência e dinamismo como professor, e também pelas suas atividades bem-sucedidas na gestão universitária.
“De fato, suas gestões à frente do Instituto de Psicologia, em dois mandatos e, posteriormente, do Instituto de Estudos Avançados da USP, foram marcadas por uma grande dedicação, eficiência, comprometimento e visão de futuro”, afirma a nota.
“O Instituto de Psicologia, o Instituto de Estudos Avançados e a Universidade de São Paulo perdem, assim, um brilhante ex-aluno, professor, cientista e gestor, cuja ausência será muito sentida nas salas de aula, nos laboratórios, nas reuniões da Universidade, nos congressos brasileiros e internacionais e, talvez mais importante, nas nossas vidas, já que o César (como todos o chamavam) sempre tinha um sorriso e palavras agradáveis para todos, dos mais humildes aos mais graduados, dos mais próximos amigos (que eram muitos) aos que não conhecia”, destacou a nota do IEA.
O corpo de Ades foi velado na manhã de 15 de março na Biblioteca Dante Moreira Leite do Instituto de Psicologia da USP e foi sepultado, na tarde do mesmo dia, no Cemitério Israelita do Embu. O cientista deixa duas filhas.
Agência FAPESP