A ideia vai ao encontro do compromisso assumido pela presidente Dilma Rousseff. “Meu governo fará tudo, o possivel e o impossível para melhorar o Enem”, disse Dilma na posse do novo ministro da Educação, Aloizio Mercadante.
Segundo o professor Luiz Mario Couto, coordenador de provas do Cespe, “pode-se melhorar o sistema atual, onde o erro é muito pequeno, para torná-lo desprezível”. Lembra, no entanto, que é da natureza de um sistema apresentar algum erro, por mínimo que seja. Ele exemplifica com uma analogia: para transferir 60 litros de água de depósito para outro, é possível recorrer a três caminhos: fazer retiradas com um recipiente de 20 litros, com pequenas perdas de líquido, em virtude do tamanho do “balde”; usar uma cuba graduada, que minimizará o prejuízo; e recorrer a uma cuba mais precisa, que tornará quase imperceptível a quantidade de água desperdiçada. “Custará mais caro, mas será mais eficiente, obviamente”, argumenta Luiz Mario.
Ele lembrou que, embora as críticas ao modelo de correção tenham ganhado grande repercussão, seu nível de confiabilidade é de 99,9%. Ou seja, os problemas chegam a 0,01% dos estudantes. Em 8 milhões de correções, houve seis questionamentos. “Estamos olhando para estes, e não para os 99,9% de acerto”, afirma Luiz Mario.
COMPETÊNCIAS - Sobre recente reportagem de TV, que questionou o modelo de correção e mostrou um aluno reclamando da nota de sua redação, o Cespe informa que o texto tem que apresentar cinco competências, segundo a cartilha do Inep e o edital do Enem: 1) demonstrar domínio da norma padrão da língua escrita; 2) compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema dentro dos limites estrturais do texto dissertativo-argumentativo; 3) selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista; 4) demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação; e 5) elaborar proposta de solução para o problema abordado, respeitando os valores humanos e considerando a diversidade sociocultural.
“Uma redação pode ser boa, mas não atender a esses critérios exigidos pelo concurso”, observou um técnico do Cespe/UnB. “Bom conteúdo e regras estabelecidas por quem organiza a prova são coisas diferentes, embora as pessoas não atentem para isso”, completou ele. Entre formuladores de políticas educacionais, surgem dois tipos de indagações. A primeira é se há a intenção de criar um mercado de recursos. Como quem faz a prova geralmente não domina a técnica, terá que recorrer a um consultor ou a um especialista, que cobrará por isso. A outra é se a mudança para um sistema mais caro, que dá acesso às redações do Enem e torna o processo mais lento, tem o apoio da sociedade.
O Cespe já sabe o que vai recomendar ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e trocou ideias em nível técnico com o governo, mas aguarda o ministro estruturar sua equipe para que o trabalho tenha desdobramentos.
UnB Agência