O exame do Ministério da Educação (MEC) é coordenado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e organizado pelo consórcio formado pelo Centro de Seleção e Promoção de Eventos (Cespe) e Fundação Cesgranrio.
“Os procedimentos foram cuidadosamente desenvolvidos, nos tempos certos. Não houve uma única situação em que não pudesse ser construída uma solução”, analisou o reitor José Geraldo de Sousa Junior, que acompanhou os dois dias de aplicação das provas na central de monitoramento do Enem, em Brasília. “O Cespe já acumulou competência e tem a compreensão sobre o significado desse exame para o acesso ao ensino superior”, disse.
Os incidentes registrados foram apontados como normais pelo Cespe. Onze candidatos foram flagrados postando mensagens pelo Twitter enquanto faziam as provas, oito deles no sábado e três no domingo. Todos foram retirados de sala pelos fiscais e eliminados da seleção. A utilização de equipamentos eletrônicos é proibida pela edital do Enem.
Também foram registrados tumultos em três locais de prova no momento de entrada dos candidatos, um deles em Salvador, estado monitorado pelo Cespe, e a queda de um ventilador sobre uma candidata no Piauí. “Em um processo dessa magnitude é natural que se registre problemas, mas nenhum deles comprometeu a realização do exame”, ressaltou o diretor do Cespe, Ricardo Carmona.
As chuvas em todo o país foram apontadas como o principal motivo dos atrasos de muitos candidatos e foram responsáveis também pela queda de energia em alguns locias. No sábado, na Escola Estadual José Augusto Tourinho Dantos, em Salvador, foi alagada pelo rio Ipitanga, que transbordou com as chuvas. Mais de dez carteiras escolares foram enfileiradas para servir como ponte improvisada e permitir o acesso de estudantes ao local.
A diretora da escola, Carluce Messias Neves, que coordenou a prova no local, conta que a “ponte” funcionou. “Acreditamos na educação pública e como cidadãos fizemos a nossa parte”, enfatizou ela. “Esse episódio das carteiras mostra o preparo da equipe no enfrentamento dos problemas”, aponta Carmona. “O balanço geral do trabalho é altamente positivo”, conclui.
EXPERIÊNCIA – Somente o Cespe foi responsável pela contratação de 258 mil profissionais nas funções de aplicador, coordenador, fiscal, porteiro, técnico de apoio, ledor, intérprete de libras e transcritor. Os profissionais foram distribuídos em 6.620 escolas de 846 municípios nos 13 estados onde o Cespe aplicou a prova e no Distrito Federal. Os estados são Acre, Rondônia, Pará, Bahia, Maranhão, Piauí, Sergipe, Goiás, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Espírito Santo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
Cabe ao Cespe o processo de recebimento do material aplicado e preparação para leitura digital dos cartões de respostas das provas objetivas desses estados. Em outras 13 unidades da federação, a aplicação ficou sob a responsabilidade da Cesgranrio.
O Cespe também é responsável pela correção de todas as redações. O trabalho será feito por uma equipe de profissionais, que inclui professores e servidores da UnB. “A logística de um evento desta magnitude dificilmente pode ser encontrada em igual dimensão no Brasil. O conhecimento da UnB em aplicação de provas está, em todo momento, sendo colocado à prova”, enfatizou o decano de Administração da UnB, Eduardo Raupp, que é presidente do Conselho Técnico Consultivo do Cespe e também esteve na central de monitoramento do Enem.
ABSTENÇÃO – As provas do primeiro dia foram de Ciências Humanas e suas Tecnologias e Ciências da Natureza e suas Tecnologias. No domingo, de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, Matemática e suas Tecnologias e a prova de Redação, que teve como tema as redes sociais.
O índice médio de abstenção nos dois dias de provas foi menor que em 2010. A média deste ano foi de 26,4%. Em 2010, o índice ficou em 28%. O maior percentual de ausências foi registrado no Distrito Federal. Dos 74,6 mil inscritos, 34,1% não fizeram as provas.
O Enem é usado pela UnB como critério de seleção das vagas remanescentes, que representam em média até 3% das vagas do vestibular. Em agosto, a UnB ofereceu 232 vagas para estudantes que prestaram o exame em 2010, das quais 186 foram preenchidas. Eugenia Costa da Silveira, 40 anos, que pretende usar o resultado do Enem para cursar Letras e fez provas no campus Darcy Ribeiro, considerou que “as questões foram bem formuladas e favoreceram os conhecimentos gerais”.
O exame é adotado também por várias universidades públicas como complemento ou em substituição ao vestibular. Na Universidade Federal do Rio de Janeiro, por exemplo, o exame foi utilizado pela primeira vez para ingresso em todas as vagas. Confira aqui o índice de abstenção por estado no último dia de provas. Esta edição do Enem teve o número recorde de 5.367.092 inscritos.
As provas aplicadas neste fim de semana estarão disponíveis, a partir desta segunda-feira, 24 de outubro, no portal do Inep. Os gabaritos devem ser divulgados até quarta-feira no mesmo endereço eletrônico.
UnB Agência