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Ao escalar o Everest, o alpinista passa pelos chamados base camp (acampamentos base) até conseguir atingir o cume da montanha mais alta do mundo. Foi com esse conceito, de dar passos intermediários até alcançar o topo, que a HT Micron, a joint-venture formada pela sul-coreana Hana Micron e pela gaúcha Parit Participações S/A, inaugurou, nesta quinta-feira (14/7), a “sala limpa” que dará início à pré-operação da empresa. “Esse espaço é o nosso base camp. Aqui iremos preparar nossos engenheiros, formar a nossa equipe e iniciar as negociações com o objetivo de nos tornamos o maior fabricante de encapsulamento e teste de semicondutores da América Latina”, ressaltou o presidente e CEO da Hana Micron, Chang Ho Choi.
O ambiente, de 450m2, fica localizado onde, futuramente, será instalado o Instituto de Semicondutores da Unisinos e foi construído de acordo com as normas exigidas para o encapsulamento de semicondutores. “A sala limpa é um espaço no qual a concentração de partículas no ar é controlada. Esse número pode variar de 10 a 100 mil por metro cúbico, quanto menor o valor, mais limpa é a sala. A fábrica, que ficará pronta em 2012, terá um local onde o controle deverá girar em torno de 3 mil partículas”, destacou Ricardo Felizzola, presidente da HT Micron.

Na criação desse espaço, de pré-operação, foram gastos R$ 2 milhões na obra e mais R$ 2,5 milhões em equipamentos, que estarão chegando até o final deste mês. O primeiro chip deverá sair entre setembro e outubro. Esse passo é mais um que o Brasil dá em busca de se tornar um dos grandes produtores mundiais de semicondutores. “O país hoje produz apenas 2% dos chips que consome. Com a chegada da HT Micron esse percentual deve passar 20%. Isso mostra o quanto estamos sendo protagonistas nesse campo”, afirmou o prefeito de São Leopoldo, Ary Vanazzi. Protagonismo esse que Felizzola comparou com a chegada da Volkswagen na década de 1950: “Naquela época, eles deram um passo gigantesco para a indústria automobilística do país. O que estamos fazendo hoje, aqui, com a HT Micron é algo similar. Estamos dando um passo muito importante na indústria de semicondutores do Brasil, um mercado cada vez mais em ascensão”.

O local, inaugurado nesta quinta-feira, será usado pela HT Micron até que o complexo da fábrica, de 9 mil m2, localizado junto ao portão A do campus São Leopoldo, esteja pronto. Após esse período, o espaço será usado pelo Instituto de Semicondutores da universidade, que engloba, além da joint-venture, uma área de Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação (PD&I) e de ensino. Atualmente, há quatro professores da Unisinos na Coreia do Sul realizando estudos avançados na área de semicondutores e em modelos de cooperação entre empresas e institutos do setor. “Essa transferência de tecnologia, que a HT Micron está liderando, é de extrema importância para o país e para a sociedade brasileira como um todo. A universidade se sente honrada em fazer parte desse projeto e estamos trabalhando para absorver todo o conhecimento que os coreanos estão dispostos a nos passar”, destacou o reitor da Unisinos, Pe. Marcelo Fernandes Aquino.

As obras da fábrica, onde ficará instalada definitivamente a HT Micron, devem ter início ainda no mês de agosto, tão logo a licença ambiental seja disponibilizada. A prefeitura de São Leopoldo, responsável pela liberação, deve encaminhar o documento até o final deste mês. A negociação com a empresa que irá construir o prédio já está em fase avançada, e deve haver uma parceria entre construtoras locais e coreanas. No complexo, cerca de 700 pessoas estarão trabalhando na produção de chips para cartões de telefone, bancários, de memória DDR3, memórias do tipo USB e fotográficos.