Apesar disso, Barbuy acredita que, por ter o maior departamento de astronomia do país, a principal contribuição dessa parceria para a Universidade será em relação aos pesquisadores da área, que poderão realizar suas observações e utilizar uma estrutura muito melhor. “O mais importante é que [o IAG] tem o maior número de formandos na pós-graduação, que vão se beneficiar no presente e no futuro”, explica.
O projeto do E-ELT
De acordo com a professora, a ideia de realizar essa parceria surgiu com a necessidade de fazer parte de pelo menos um dos três projetos de construção de grandes telescópios que estavam sendo desenvolvidos: dois no Chile e um no Havaí (EUA). “Começamos um grupo”, diz Barbuy. A partir de então, entraram em contato com os coordenadores dessas iniciativas para conhecer as vantagens de cada uma delas.
Os benefícios oferecidos pelo ESO foram mais atraentes, e o projeto do telescópio E-ELT (Extremely Large Telescopy), que vai demorar 10 anos para ser construído, foi escolhido pelos astrônomos brasileiros como o melhor investimento. De acordo com Barbuy, com essa aliança, o Brasil vai finalmente conseguir se inserir na comunidade internacional de astronomia. Além disso, as empresas e instituições brasileiras, como a USP, poderão participar do desenvolvimento instrumental do telescópio, o que deve alavancar a área tecnológica do país. “Certamente, é nosso interesse ter retorno de tecnologia de ponta”, afirma a professora.
Outra perspectiva que a parceria traz é a do crescimento da produção científica brasileira sobre o assunto. Segundo Barbuy, grande parte da comunidade de astronomia brasileira está incomodada com as atuais condições de pesquisa: as facilidades do SOAR, telescópio disponível para a realização de estudos, apresentam condições insatisfatórias. “Há uma expectativa de aumento da produtividade com a entrada no ESO”.
Para a professora, a estrutura oferecida pelo ESO é também um grande motivo para a realização da parceria. O Observatório conta com uma organização composta por cerca de 700 pessoas, em sua maioria engenheiros, e dispõe de uma avançada e eficiente instrumentação.
Barbuy conta ainda que, com esse projeto, aproximadamente 75% do custo, que seria por volta de 250 milhões de dólares, voltaria para o país através da indústria. Além desse impulso econômico e tecnológico, a professora acredita que a aliança elevaria a astronomia brasileira a um outro patamar.
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