A paciente, a santa-cruzense Maria Inês Penteado Bachmann, 68 anos, foi diagnosticada pelo cardiologista Abdala Hamid com uma doença chamada estenose aórtica, que só pode ser curada com a cirurgia no coração, quando normalmente se substitui a valva cardíaca por uma prótese valvar. Orientada pelo médico, que também é o responsável pela implantação da cardiologia no HSC, ela optou por realizar a cirurgia em Santa Cruz do Sul. O procedimento foi custeado pela Apesc/HSC.
Segundo o cirurgião Romeu Bertoia, a estruturação do HSC visando à complexidade SUS em cirurgia cardíaca teve início há 10 meses. Para isso foram investidos R$ 1,2 milhão em equipamentos e material, além de capacitação da equipe multidisciplinar. O objetivo é obter o credenciamento para cirurgia cardíaca, cirurgia vascular periférica, procedimentos endovasculares, cardiologia intervencionista e eletrofisiologia, beneficiando a 8ª e a 13ª Coordenadoria Regional de Saúde, que representam cerca de 550 mil habitantes dos vales do Jacuí e do Rio Pardo.
“Estamos negociando com a Secretaria Municipal de Saúde a possibilidade de estabelecer um teto mensal de cirurgias enquanto o processo de credenciamento estiver em andamento,”, adiantou Bertoia. “Com a efetivação do processo, o HSC completará um ciclo, atingindo a todos os níveis de atendimento na área da cardiologia”, complementou o gerente assistencial do HSC, Fernando Wegner.
Cirurgia
Antes da cirurgia, Maria fez apenas um pedido ao cirurgião Romeu Bertoia. “Ela disse que queria viver para completar 50 anos de casamento”, contou o médico. Casada há 48 anos com Aurélio José Bachmann, Maria tem 15 filhos. O marido elogiou o atendimento e o acolhimento à família durante e após a cirurgia.
“Deu tudo certo, perfeito, não há o que reclamar”, afirmou Bachmann. “De hora em hora recebíamos informações da equipe de enfermagem sobre o andamento da cirurgia”, completou a filha Adriana, 40 anos.
A recuperação da paciente, conforme o cirurgião, está transcorrendo dentro da normalidade. Maria já recebeu alta da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), onde realizou o pós-operatório imediato, e neste final de semana já deve receber alta do hospital. “Quero sair e voltar a trabalhar”, disse a paciente.
Sobre a doença, Bertoia alertou que os pacientes podem não ter nenhum sintoma até um estágio mais avançado, quando costumam desenvolver falta de ar, dor no peito, palpitações e desmaios. “A aorta é a maior artéria do corpo humano e se origina diretamente do coração”, acrescentou. “Quando o sangue é bombeado pelo ventrículo esquerdo, ele passa pela válvula aórtica para ser ejetado para toda a circulação sistêmica”.
Na estenose aórtica, explicou o médico, a válvula não se abre completamente, o que restringe o fluxo de sangue, podendo acarretar em má perfusão cerebral, das artérias cardíacas (coronárias) e de outros órgãos do corpo humano. Para realizar a cirurgia da paciente Maria, foi necessário, após a abertura do osso esternal e da cavidade pericárdica, a instalação de uma máquina de circulação extracorpórea, responsável por assumir a função do coração e do pulmão durante a cirurgia. Após, com o coração parado e sob uma temperatura corporal de 32 graus, a válvula aórtica foi ressecada e implantada uma prótese constituída de pericárdio bovino.