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Cada decano tem uma receita para chegar a 2012 – comprometimento, consolidação, autonomia, pesquisa –, mas a mesma resposta na identificação da marca da UnB até aqui: rebeldia. A exemplo do comportamento das pessoas no dia do seu aniversário, a Universidade de Brasília faz um balanço dos 49 anos com uma reflexão sobre seu papel na sociedade. O que se projeta para o futuro é a ampliação das atuais conquistas por meio de um projeto que radicalize a vocação original da UnB: o compromisso com o desenvolvimento do país.
A seguir, três respostas sobre tais inquietações de cinco professores que participaram da vibrante história da UnB nos últimos anos.

O que falta para a UnB na véspera dos seus 50 anos?

Márcia Abrahão Moura, decana de Graduação – Mais comprometimento institucional por parte da comunidade e menos individualismo. Ou seja: o sonho. Talvez isso seja uma questão da nossa geração, de querer tocar o céu.

Oviromar Flores, decano de Extensão – Acredito que vai faltar sempre. A UnB não será completa porque sempre precisa de algo. Ela acompanha as transformações da sociedade e cria novas demandas. É exatamente essa ausência que impulsiona a universidade. Citar alguma coisa iria parecer que ela não precisa de nada. Como não precisar de nada se sua essência é a rebeldia e a transformação?

Wellignton de Almeida, chefe de gabinete da Reitoria – Acho que o que falta agora é consolidar o processo de expansão que a universidade viveu nesses últimos anos. Isso vai implicar modernizar a gestão e enfrentar problemas de sustentabilidade ambiental. Em seu tecido social, tem que criar grandes consensos para superar sua última crise, que foi a de 2008. É preciso continuar sendo um ambiente plural, de tolerância, de inquietação. Tem que ser um ambiente de novas ideias e tolerância para negociar essas pautas.

Pedro Murrieta Santos Neto, decano de Administração – Falta autonomia. A Constituição prevê, no artigo 207, que as universidades gozem de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, porém, isso é faz-de-conta. Somos controlados por vários poderes. A própria criação da UnB foi uma demonstração da autonomia e do espírito inquieto de Darcy Ribeiro. No início, tínhamos independência e liberdade. Até quando, na época da ditadura militar, dos 250 professores, 224 apresentaram demissão, isso foi uma grande demonstração de autonomia. Hoje, entretanto, a UnB tem dificuldade de mexer até nos recursos que arrecada. A compra de passagem de um professor convidado para um congresso internacional tem que ser assinada pelo ministro da Educação.

Denise Bontempo, decana de Pós-Graduação e Pesquisa – Poderíamos estar em melhor posição no cenário internacional se dispuséssemos de mais investimentos em pesquisa. Temos participado dos editais das agências de fomento, mas precisamos de maior celeridade. No registro de patentes e nas novas descobertas, por exemplo. Necessitamos fortalecer a cooperação nacional e internacional e melhorar a infra-estrutura dos laboratórios de grande porte com vistas à consolidação do Parque Científico e Tecnológico da UnB.


Quando você analisa os 50 anos da universidade, que ponto você destaca?

Márcia – O engajamento com os problemas da sociedade brasileira e a excelência acadêmica. Nossa história mostra essas nossas qualidades. Não queremos interferir, e, sim, nos engajarmos nas transformações sociais.

Oviromar – Acredito que a rebeldia é a marca da universidade. Nessa direção não tem como citar algo marcante, já que ser rebelde é a nossa essência. É assim que somos reconhecidos nesses 49 anos.

Wellington – O que diferencia a UnB nesses 50 anos é a conexão com grandes questões políticas e sociais do país. Nasce com projeto de inovação e está sempre dialogando de maneira mais tensa com esses problemas. Todas as universidades sofreram intervenções da ditadura, mas nenhuma foi tão atacada quanto a UnB. Por estar na capital e por ser um projeto que nasceu diferente.

Pedro – A marca vem do próprio modelo adotado por Darcy: o compromisso da instituição com o saber internacional, não o conhecimento paroquial.

Denise – Um corpo docente e de pesquisadores altamente qualificado e comprometido com a instituição, dedicado à produção e disseminação do conhecimento.


Nesses 50 anos, a UnB ficou mais marcada pela crise ou pela rebeldia?

Márcia – Mais pela rebeldia, porque essa é uma universidade que, independente da geração, jamais se curvou aos interesses dos poderosos. Inclusive essa é uma das características dos ex-alunos da UnB e dos próprios alunos. Não é todo mundo. Mas os alunos daqui são críticos, ainda querem transformar a sociedade, o mundo, e os ex-alunos levam isso para sua vida profissional, pós-universitária.

Oviromar – Rebeldia. É essa a característica que estruturou a universidade. Os arquivos da ditadura mostram o temor que os militares tinham dos estudantes da UnB. O nosso suporte é a luta, a força e a transgressão, no sentido de transformação. A superação da crise tem muito dessa rebeldia. Ter tido um representante da ditadura como reitor, e não ter se dobrado, reafirma nossa essência.

Wellignton – Mais a rebeldia. Porque mesmo em momentos de crise, a rebeldia ajuda a superá-la. Em 2008, em 1977 e 1982. A universidade está muito marcada por isso. A UnB é uma instituição que uns gostam mais, outros menos, mas que foi criada por Darcy Ribeiro, e isso a marca demais.

Pedro – As crises são decorrentes da insubmissão, da luta contra os chicotes e as amarras. Há crises que vêm de fora, do desrespeito à universidade, de governos que tentam se impor.

Denise – A UnB tem inserção em todas as áreas do conhecimento, ela atende às demandas estratégicas do país e está ligada aos grandes temas do mundo na biotecnologia, nas ciências médicas, na antropologia, a despeito de momentos de crise.

UnB Agência