
As “más culturas” devem ser repensadas e mudadas. Aliás, embora o Hino Riograndense seja belo, não podemos sair por aí pensando e dizendo “sirvam nossas façanhas de modelo a toda terra”. Definitivamente, não somos modelo em muitos casos. Quando, em 2005, 86,8% dos gaúchos votaram contra o desarmamento. Quando “pedagiamos”, de forma absurda e até hoje não aceita, as rodovias do Estado. Quando nas últimas décadas, deixamos de investir em ciência e tecnologia, e, já faz um bom tempo, não somos mais referência no campo educacional.
Quem quer manter a situação como está? Quem são os governantes ou instituições que se venderam por alguns ou talvez muitos cifrões? Não esqueçamos que todos temos nome, identidade, CPF ou CNPJ, endereço, e algum dia teremos de prestar contas sobre o que fizemos, ou sobre o que não fizemos quando deveríamos ter feito.
A quem interessa manter a população armada dizendo que as causas da violência são múltiplas, complexas e que não serve para nada tirar as armas de punho da população? Os partidos e certos políticos estariam se posicionando, de olho nas próximas eleições, nesse assunto de extrema gravidade? Certas organizações pensam e agem como nos séculos passados, quando os senhores de engenho, os coronéis fazendeiros e alguns poderosos que portavam armas abatiam impiedosamente escravos, indígenas, trabalhadores humildes ou, até mesmo, quem contrariasse os seus interesses?
Se nosso Estado é campeão de armas contrabandeadas; se é o com o maior número de pistolas apreendidas; e também o com o maior número de armas de uso restrito em poder dos marginais, algo está muito mal. Vamos resgatar a nossa história, “virar o jogo” através da educação e investir novamente em ciência, tecnologia e inovação!
Por falar em inovação, por que, nas armas que precisam continuar a ser produzidas no País para uso em ofício ou necessidade extrema, não se coloca um chip ou código de leitura, que personalize e rastreie cada uma, evitando sua utilização para outros fins? Porque não fazemos o que tem de ser feito, deixando ao acaso a imprevisibilidade e insegurança dos dias de amanhã, sem mudar uma cultura que pode ser mudada, para o bem das pessoas e valorização da vida.
*Reitor da Universidade Federal do Rio Grande - FURG
Assessoria de Comunicação Social - FURG