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A fluoxetina, medicamento usado no tratamento da depressão, pode aliviar muito mais que uma crise de ansiedade. Ela também pode modular a atividade de células dendríticas e, consequentemente, reduzir a perda óssea na doença periodontal. O estudo sobre a aplicação do antidepressivo na odontologia rendeu à maranhense Luciana Salles Branco de Almeida o Prêmio Internacional Hatton, entregue em 16 de março durante o congresso anual da Associação Internacional para a Pesquisa Dental (IADR, na sigla em inglês), realizado em San Diego, nos Estados Unidos.
O "Estudo in vivo da atividade da fluoxetina e da desipramina sobre a modulação da resposta imunoinflamatória do hospedeiro na doença periodontal" contou com Bolsa de Doutorado da FAPESP, em trabalho orientado pelos professores Pedro Rosalen, da Faculdade de Odontologia de Piracicaba, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), onde Luciana concluiu o doutorado, Gilson Franco, da Universidade de Taubaté (Unitau), e Toshihisa Kawai (The Forsyth Institute, Estados Unidos).

O estudo foi selecionado pela Sociedade Brasileira de Pesquisa Odontológica para representar o Brasil no congresso e também concorrer ao prêmio, concedido pela primeira vez a um pesquisador de instituição brasileira.

Segundo Luciana, em trabalhos anteriores, porém não relacionados à odontologia, a fluoxetina demonstrou atividade antiinflamatória e imunomoduladora.

“Por ser uma droga relativamente sem efeitos colaterais, muito utilizada na prática clínica e segura, decidimos testá-la em relação à resposta imunoinflamatória na doença periodontal”, disse à Agência FAPESP.

Ela observou que a fluoxetina, quando testada in vitro, modulou a apresentação de antígenos pelas células dendríticas e a ativação dos linfócitos T, células importantes para a defesa imunológica.

"Além dos efeitos positivos sobre a inflamação, o tratamento com a fluoxetina reduziu a perda óssea em camundongos. Na doença periodontal a perda óssea, que é um dos seus principais sintomas, é provocada pela atividade dos osteoblastos, células cujas moléculas ativadoras são produzidas pelos linfócitos T. A fluoxetina demonstrou uma interessante capacidade de modular a resposta do hospedeiro na doença periodontal”, disse Luciana.

A pesquisadora ressalta o possível efeito da fluoxetina sobre doenças autoimunes, como, por exemplo, a artrite reumatoide. A tese venceu na categoria “Senior/Basic Science”, disputando na fase final com 32 cientistas dos cinco continentes. Luciana destaca a importância para o estudo da colaboração de Kawai e o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e do National Institute of Health (NHI), nos Estados Unidos.

Agência FAPESP