
“A questão das classificações das universidades entrou na pauta em 2003 e não mais saiu. Os rankings criaram uma balburdia no sistema de ensino superior mundial, particularmente na Europa. Isso porque no primeiro deles, entre as 50 instituições elencadas como as melhores, apenas 10 eram europeias, contra 35 americanas e cinco asiáticas”, afirmou Renato Pedrosa antes da exposição.
Atualmente destacam-se três rankings internacionais: da Universidade Jiao Tong, de Xangai; da revista britânica Times Higher Education (THE), que antes tinha como parceira a empresa QS e trocou-a em 2010 pela agência publicitária Thomson; e da QS, que agora elabora sua própria classificação. “Há 100 anos, a Europa, provavelmente, teria 70% ou 80% das melhores instituições do mundo; agora se vê numa situação muito reduzida em relação aos Estados Unidos e, com o avanço das asiáticas, ainda mais”.
Pedrosa observa que a competição levou a várias iniciativas políticas – governamentais e institucionais – para tentar melhorar as posições, havendo críticas aos rankings tanto por aspectos metodológicos como pelo fato de que universidades têm missões distintas, não incorporadas nas avaliações. “Entretanto, recentemente, os rankings começaram a ser diferenciados por tipos, como de pesquisa, tecnologia e outras áreas”.
O Brasil não possui universidades figurando entre as 100 melhores em nenhum ranking, apesar do grande investimento que se faz na universidade pública – o que não é tão grave, na opinião do coordenador do GEES. “Temos seis instituições em um dos rankings, cinco em outro, e isto não é pouco, pois estamos à frente da Espanha e outros países tradicionais da Europa. O Brasil não está bem, mas também não está tão mal quanto se fala. E está subindo nas classificações, devagar, já que muitas medidas, como produção científica e internacionalização, não se muda de um ano para outro”.
Renato Pedrosa comentou ainda a questão subliminar no título da palestra: se seria “desejável” ter universidades no topo da classificação? A pergunta se deve justamente à não consideração das especificidades dos países, como do Brasil, que enfrenta barreiras lingüísticas: boa parte das publicações de Ciências Humanas, por exemplo, não são em língua inglesa e por isso não causam impacto, apesar da importância desta produção para o país”.
De qualquer forma, a resposta para a pergunta, segundo o palestrante, é que não dá para ficar fora da disputa. “Devemos tentar entender melhor o processo e, também, sermos realistas quanto às nossas limitações. E caminhar por áreas em que o Brasil tem chance de atingir a excelência, como de medicina tropical ou de energia renovável. Se uma universidade brasileira desenvolver a vacina para malária ou dengue, vai subir imediatamente nos rankings internacionais”.
Comunicação Social
Unicamp