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france flagA influência da língua francesa no mundo é o tema da Semana da Francofonia da UnB, que acontece até quinta-feira no Auditório Roberto Salmeron da Faculdade de Tecnologia. Na palestra de estreia, dramaturgo Gustave Akakpo, natural do Togo, apresentou a literatura e a dramaturgia dos países africanos de língua francesa marcadas pela resistência ao colonialismo. Gustave cresceu durante o período ditatorial que se seguiu ao fim da Guerra Fria. “Nessa época a dramaturgia serviu como resistência aos regimes ditatoriais, por isso o teatro para mim sempre foi sinônimo de liberdade”, afirmou.
Entre os que participaram da luta estava o também togolês Kosy Effour, cujas principais peças situam-se no início dos anos 90 – período em que o teatro ainda era coibido pelo governo. A geração de Kosy – que ficou conhecida como teatro de contrabando – inspirou Gustave a também perseguir o sonho de escrever peças. “Na época os estudantes conduziam os movimentos populares mais ou menos como está acontecendo hoje no norte da África”, conta. “Foi nesse período que eu encontrei o teatro como uma revolta contra as ditaduras”.

Gustave cresceu entre livros no lugar de brinquedos e na adolescência escrevia poesia. Desde pequeno, ouvia que o presidente era o pai da nação, impecável em suas decisões. “Infelizmente ainda vivemos em um regime fechado, apesar de haver menos restrições”, relata. “Hoje podemos produzir, mas não existe nenhum incentivo do governo. Quem faz teatro no Togo é movido apenas pela paixão”.

RESISTÊNCIA - Outro período importante para a produção artística em língua francesa na África, segundo Gustave, foi a década de 70. “Quem escreveu nessa época estava movido pela desilusão das independências, que não mudaram muita coisa de fato”, conta Gustave. “Isso se refletiu numa busca por novas formas de escrever em francês”.

Uma história instigante é a de Soby Labou Dansi, dramaturgo congolês forçado a aprender francês na escola. Quem cometesse um erro era obrigado a carregar uma lata com fezes pendurada no pescoço. “Como Sony não teve contato com a língua na infância, era ele que carregava o sinal por mais tempo”, conta Gustave. Toda a frustração de Sony foi mais tarde transferida para sua obra. “Ele aprendeu o francês de forma violenta e por isso sempre teve uma relação violenta com o idioma”, conta Gustave. “Sua obra é marcada por usos chocantes da língua – como juntar palavras que habitualmente não ficam juntas”.

A professora Maria da Glória Magalhães, do departamento de Letras Tradução, usou uma das peças de Gustave para ensinar Francês no projeto de extensão En classe et en scéne (Na classe e no palco). “Estudantes da língua da UnB e dos Centros de Línguas da Secretaria de Educação participaram da montagem da peça Catharsis”, conta. Para a professora, atuar em uma peça de teatro é uma forma de ajudar os alunos a superarem o medo de errar. “Além disso, os alunos têm a oportunidade de discutir temas políticos, como colonização e as guerras na África”.

A Semana da Francofonia continua amanhã, quando haverá apresentação de oportunidades de intercâmbio e estudo na França, Canadá, Bélgica e Marrocos. A programação completa pode ser acessada aqui.

UnB Agência