A estrutura de 800 metros quadrados nasceu preparada para ampliações e já abriga uma série de experimentos. “Estamos terminando de instalar uma bancada de testes de trocadores de calor que é adequada para desenvolvimento da tecnologia de tubos de calor e é uma das quatro únicas em universidades no mundo”, comemorou na inauguração realizada na última sexta-feira, 18 de março, a professora do Departamento de Engenharia Mecânica da UFSC e coordenadora do espaço, Márcia Barbosa Henriques Mantelli.
Segundo ela, com apoio financeiro da Petrobras, a UFSC tem produzido tecnologia pioneira no Brasil no campo de tubos de calor. Essa tecnologia permite o desenvolvimento de trocadores de calor compactos, de fácil manutenção, sem partes rotativas e sem a necessidade de energia elétrica para seu funcionamento. Os trabalhos desenvolvidos na Universidades estão, ressaltou, no mesmo nível daqueles desenvolvidos em países como China e Austrália, recentemente Estados Unidos e nações da Europa.
As atividades de pesquisa em tubos de calor e termossifões iniciaram na UFSC na década de 1990, a partir da necessidade da Agência Espacial Brasileira (AEB) e da indústria espacial nacional para o desenvolvimento de sistemas de controle térmico dos satélites brasileiros. A partir da infraestrutura laboratorial adquirida ao longo dos anos, a pesquisa se voltou para aplicações de tubos de calor e termossifões para as indústrias. Diversos convênios e contratos foram firmados. Os esforços são refletidos nas parcerias nacionais e no reconhecimento internacional da equipe formada por professores, pós-graduandos e estudantes de graduação em Engenharia Mecânica.
A pesquisa nesse campo resultou em quatro prêmios recebidos pelo grupo nos últimos seis anos. O avanço pode também ser exemplificado com representações da UFSC nas principais sociedades internacionais de pesquisa voltadas à área de tubos de calor e nas equipes editoriais das mais conceituadas revistas internacionais. Em 2007, com apoio da Petrobras, o grupo organizou, em Florianópolis, a 13ª Conferência Internacional em Tubos de Calor.
A preocupação com as aplicações também tem vários exemplos. A partir de pesquisas básicas em novas tecnologias de termossifões foi projetado um trocador de calor construído pela indústria nacional e instalado na Unidade de Negócio da Industrialização do Xisto (SIX), da Petrobras, em São Mateus do Sul, no estado do Paraná. A unidade está em operação há cerca de quatro anos ininterruptos.
Com o Departamento de Engenharia Química, a equipe trabalha em destiladores compactos e eficientes, que usam tubos de calor e atenderão plataformas de petróleo. Outras frentes de investigação atuais são os projetos voltados à produção de equipamentos térmicos flexíveis, para operar com mais de um combustível, e os estudos voltados à recuperação de vapor em torres de resfriamento. Em sua fala durante a inauguração, a professora Márcia Mantelli lembrou que no caso da Refinaria de Paulínia, pertencente à Petrobras e localizada em Paulínia, São Paulo, uma quantidade de água suficiente para atender uma cidade de 250 mil habitantes é retirada de rios, para reabastecer os processos industriais. Grande parte dessa água é perdida na forma de vapor para o ambiente em torres de resfriamento.
O avanço do conhecimento sobre tubos de calor também auxilia padarias a produzir pães com qualidade e economia de combustível. Graças ao trabalho em parceria com a UFSC, a Petrobras detém a patente de fornos de cocção de pães para uso de gás natural. Na universidade diferentes modelos são projetados e testados e no mercado já são comercializados equipamentos que podem representar economia de mais de 50% de energia, quando comparados com fornos a gás tradicionais.
“Esperamos que a Petrobras continue investindo e apoiando as atividades de pesquisa e desenvolvimento em nossa universidade, mantendo as nossas equipes coesas, para que possamos utilizar de forma produtiva o espaço construído e continuar a desenvolver tecnologias de interesse da empresa e da nação”, compartilhou com a plateia Márcia Mantelli. E antes de convidar para o ato de descerramento da placa de inauguração o reitor, professor Alvaro Prata, o gerente geral de Pesquisa & Desenvolvimento de Gás, Energia e Desenvolvimento Sustentável do Cenpes, Luis Fernando Mendonça, o gerente geral de Tecnologia para Processos de Gás e Energia da Petrobras, Mozart Schmitt de Queiroz, o diretor do Centro Tecnológico da UFSC, Edison da Rosa, e o pioneiro das pesquisas em Engenharia Térmica na UFSC, Sérgio Colle, ressaltou que o investimento nas universidades brasileiras só tem sentido se resultar na formação de pessoas – objetivo primeiro e maior de uma institutição de ensino superior.
“Esperamos que novas empresas na área de tecnologia de gás natural, gerenciadas por nossos jovens e competentes engenheiros resultem dessa empreitada, possibilitando à Petrobras usufruir dos resultados de seus investimentos, assim como permitindo o desenvolvimento, a autonomia e a independência tecnológica de nossa nação. Assim estaremos contribuindo para um futuro promissor para o nosso país, que certamente necessita de tecnologias de uso do gás natural, um combustível limpo, ecológico, que pode cooperar com o esforço de preservar a natureza”, complementou.