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De fato, a religião deve ser expressão dinâmica da complexidade – no sentido genuíno do termo, aquilo que é tecido conjuntamente. Assim, em um primeiro plano, encontramos a ligação dos seres humanos entre si – delineando o ser que se encontra como humano no cotidiano da cultura e da vida em sociedade, da partilha na comunidade de fé. Em um segundo plano, vislumbramos a ligação dos seres humanos com a natureza – consubstanciando o rompimento com uma visão antropocêntrica de existência e afirmando o próprio ser humano como natureza. Fechando a tríade, compondo o terceiro plano, situamos a ligação dos seres humanos com o Transcendente – evidenciando a esperança do devir. Assim, toda criação está interrelacionada, não há realidades isoladas. Tal reflexão explicita uma verdade genuinamente cristã, a apontar para a relevância da vida em comunidade fraterna. Neste ponto São Francisco de Assis, de maneira profunda e bela, nos ensina o divino mistério que se manifesta em toda criação.
Deste modo, da profunda compreensão de que há uma estreita ligação entre toda criação – que se compõe como realidade complexa – é que emerge a ética da solidariedade e a perspectiva ecológica. A dimensão ecológica ao mesmo tempo em que explicita as relações que todos os seres existentes mantêm entre si, com o meio ambiente e com o Deus criador, revela-se também como imperativo ético, a definir e direcionar pensamentos e ações.
Na perspectiva cristã, a humanidade está estreitamente ligada ao planeta e cada indivíduo deve assumir sua responsabilidade para com preservação e cuidado da terra, que é graça e dádiva. A criação divina é um todo complexo, há um equilíbrio dinâmico entre vida humana e preservação planetária. A salvação em Cristo se estende a toda a criação.
Prof. Ms. Adelino Francisco de Oliveira
Faculdade Dom Bosco de Piracicaba