IQSC: projeção internacional
Passando por um crescimento nos últimos anos, a pós-graduação do Instituto de Química de São Carlos (IQSC) da USP conta atualmente com cerca de 30 grupos de pesquisa e por volta de 60 professores. “A produção bem diversificada dos grupos e os docentes muito ativos justificam nossa posição no cenário científico da USP e do Brasil”, orgulha-se o professor Albérico Borges Ferreira da Silva, diretor da unidade.
Os grupos de pesquisa em evidência incluem o de Eletroquímica, já consolidado há vários anos e que, segundo Albérico, foi uma espécie de carro chefe do Instituto em seu início, com o desenvolvimento de células combustíveis (baterias) visando a substituição dos combustíveis fósseis.
Também são apontados por ele como destaque os estudos do Grupo de Química Inorgânica e Analítica, com pesquisas sobre aguardente de cana; estudos para controle de qualidade em cooperação com a Petrobras; e também pesquisas em torno de uma resina de mamona usada como prótese óssea – o que, aliás, que lhe deu projeção internacional.
IQ: corpo docente qualificado
A pós-graduação do Instituto de Química (IQ) da USP, na capital, que já formou cerca de 2.200 mestres e doutores, conta uma qualificada estrutura de computadores, bibliotecas e laboratórios. Mas o diferencial mesmo, segundo o coordenador da Comissão de Pós-Graduação, Maurício da Silva Baptista, são os docentes. “O IQ tem com um corpo de professores homogêneo: não há desnível entre um grupo e outro, já que são todos muito bem qualificados.”
Deste modo, o Instituto tem sido sempre bem avaliado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), formando professores para outros programas e também empreendedores e mão-de-obra para o setor empresarial.
Entre as áreas que têm recebido bastante atenção dos pesquisadores do IQ estão: nanociências, química de materiais e superfícies, transcrição genômica, redox (radicais livres), e sistemas miméticos (que imitam sistemas biológicos).
Departamento de Química da FFCLRP: jubileu de prata
O Programa de Pós-graduação do Departamento de Química da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP em 2010 completou 25 anos em 2010. Consolidado, hoje desenvolve estudos de forma expressiva nas cinco grandes áreas da química: bioquímica, físico-química, química analítica, química orgânica e a química inorgânica.
“Os alunos formados aqui têm atuado como nucleadores de novos centros e de novas linhas de pesquisa; no ensino, como professores; e também na indústria”, afirma o diretor da Comissão de Pós-Graduação da unidade, professor Antonio Tedesco.
Dentro das áreas do programa há linhas de pesquisa particularmente emergentes, como a química de enzimas e proteínas, com uma interface maior com a indústria, e a química tecnológica, voltada para inovações aplicadas à saúde e ao meio ambiente. Áreas bastante procuradas pelos alunos, segundo o professor, “por uma demanda da própria sociedade”, embora também a química básica tenha um aporte muito grande de pesquisadores.
Peneira e trabalho árduo
A seleção para ingresso na pós do Departamento de Química da FFCLRP é bastante concorrida - e o que determina a dificuldade não é o número de vagas, que costuma ser maior que o de candidatos, e sim o grau de exigência. “Temos buscado um aluno mais qualificado, então muitas vezes sobram vagas”, afirma o professor Tedesco.
No IQSC, o processo seletivo tem uma prova aplicada também em outros estados, para facilitar o ingresso de candidatos de fora de São Paulo. A procura, de acordo com o professor Albérico, é grande - até porque são oferecidas diversas bolsas de estudos concedidas pela Capes, que avaliou o programa com nota máxima.
No IQ, a prova para o ingresso deixa de fora cerca de metade dos inscritos - segundo o professor Baptista, aqueles que não apresentam conhecimentos básicos que deveriam ter sido obtidos na graduação.
O trabalho árduo do aluno não termina ao conseguir ingressar. A pesquisa em química demanda um comprometimento grande do aluno, segundo Tedesco, porque se trabalha com vários sistemas que precisam de controle, seja na pesquisa básica ou no desenvolvimento de tecnologias: “não é necessariamente passar a noite no laboratório, mas é preciso cumprir uma rotina de trabalho”, diz. Albérico concorda: “fazer ciência exige muita dedicação, é algo que está relacionado à paixão.”
Metas e desafios
A pós-graduação em química da USP em Ribeirão Preto tem procurado estabelecer convênios através de acordos bilateriais com universidades estrangeiras, permitindo o intercâmbio de alunos e pesquisadores. E também estimular a dupla certificação dos alunos que fazem uma parte do trabalho em cada país, sob co-tutela, e obtêm assim um título válido nos dois países. “É até mesmo uma comprovação, por parte dos demais países, que já há muito tempo o Brasil produz pesquisa de ponta”, ressalta Tedesco.
Além de enviar estudantes para o exterior, o IQ também recebe alunos estrangeiros – muitos da América latina, e de Paquistão e Índia, países beneficiados por um programa de bolsas de uma instituição internacional.
Na pós do IQSC, é bastante comum a realização de doutorado com a chamada bolsa-sanduíche, em que parte dos estudos é realizada no exterior. “Tentamos incentivar os alunos para que eles se desenvolvam na comunicação em outros idiomas, interajam com pesquisadores estrangeiros de alto nível e possam produzir melhor no seu retorno”, relata o professor Albérico.
Além de intensificar a sua visibilidade internacional, e implementar melhorias na formação dos pesquisadores, o Programa de Pós-graduação em Química da FFCLRP se junta ao seu departamento em uma nova empreitada: “estamos buscando a institucionalização do departamento, ou seja, transformá-lo em um instituto de química”, conta Tedesco, afirmando que isto irá fortalecer a pós-graduação.
Para intensificar a formação de mão-de-obra qualificada para a indústria, o IQ planeja implantar, até 2012, um mestrado profissionalizante. Outra meta do Instituto é fazer, cada vez mais, com que os egressos de seus cursos mantenham o vínculo com a unidade, sendo permanentemente treinados pela Universidade. Isso tem sido buscado através da realização de eventos ministrados pelos pós-graduandos e pelos ex-alunos, como escolas de verão e inverno e seminários.
Já a pós-graduação do IQSC reestruturou-se para, a partir deste ano, estar dividida em três áreas de concentração, com acréscimo de Química Orgânica e Biológica. Pretende assim, entre outras coisas, reforçar a pesquisa química na área de saúde.
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