Submit to FacebookSubmit to Google PlusSubmit to TwitterSubmit to LinkedIn
Uma plateia atenta e emocionada assistiu, na última sexta-feira, dia 10, o depoimento do polonês Aleksander Henryk Laks, 83 anos, sobrevivente dos campos de concentração nazista. A palestra aconteceu no auditório da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), organizada pela Especialização em Direitos Penais. Com uma memória privilegiada, Aleksander, que diz ser brasileiro nascido na Polônia, relembrou os cinco anos de horror vividos em vários campos de concentração. Ele tinha somente 11 anos quando as forças nazistas invadiram a Polônia. Fome, sede e apenas a ingestão de 200 calorias diárias marcaram esta trajetória de dor e sofrimento.
Em todo momento, Aleksander ressalta que teve como meta da sua vida, a pedido de seu pai, contar a experiência para o maior número de pessoas, para que episódios como o Holocausto nunca mais aconteçam. Entre as muitas passagens marcantes, destacou a morte de um bebê, sufocada por muitas cobertas colocadas para abafar o som de seu choro que poderia revelar aos soldados o esconderijo de sua família e de amigos, e o assassinato de um homem porque havia pedido água a um soldado.

Outro momento marcante foi quando na escola, já no período de dominação nazista, os alunos foram avisados que todos deveriam comparecer no dia seguinte para tirar foto. Seu pai desconfiou do fato e não o deixou ir à aula no dia marcado. Todos os estudantes que compareceram à escola naquele dia foram exterminados.

A importância da vinda de Aleksander à Faculdade de Direito, foi ressaltada pelo professor Luiz Antônio Barroso Rodrigues. Para ele, todos deveriam conhecer a história de vida de um sobrevivente, “uma prova viva de tudo que a história da perseguição a um povo representou dentro de um Estado. E que, em um determinado momento, quis ser superior plantando uma ideologia de distinção de raças e de superioridade da raça ariana”.

Para a professora Cíntia Toledo Miranda Chaves, que propôs a palestra, eventos como este servem para discutir e provar, dentro da disciplina que ministra, teses e teorias como a do etiquetamento, perseguições raciais e sociais, a rotulação das pessoas e o direito penal do inimigo.

Luiz Antonio ressalta que Aleksander contribui para o estudo do Direito Penal, pois, a partir da sua história “podemos fazer um recorte dentro dos fatos históricos que nos demonstram uma realidade, um momento que era o chamado direito penal do inimigo, no qual todo mundo que fosse daquela raça, religião ou classe era um real inimigo do Estado”.

Cíntia conclui afirmando que a palestra contribui para que nunca mais se assista a tamanha atrocidade e retrocesso na história. “Hoje, a todo instante, assistimos momentos em que se rasgam constituições, em que se violam os direitos fundamentais. Assim, esperamos que depoimentos como o de Aleksander sirvam como dispositivos de alerta para que isso não volte mais a acontecer.”

Após o término da palestra, Aleksander atendeu aos presentes autografando seu livro “O Sobrevivente”.

Outras informações: (32) 2102-3501 (Faculdade de Direito - UFJF)

Assessoria de Comunicação UFJF