É para os professores desse contingente significativo de pessoas que a professora Lucia Rottava, da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS), diz que é preciso dar uma formação especial. São 28 mil professores que no momento atuam nas escolas de fronteiras, espalhadas por 11 estados e 120 municípios. Este foi o tema do trabalho que ela apresentou hoje, durante a programação do IX Encontro do Círculo de Estudos Linguísticos do Sul (CELSUL).
O evento, que termina hoje na Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul), reúne estudiosos de todo o país. Entre diversos temas abordados, um de destaque é o da formação do professor. Segundo Lúcia, ensinar português para quem não tem esse idioma como língua materna exige uma formação especial. “É preciso começar a se pensar nessas situações”, diz a professora, lembrando que as leis falam da inclusão social mas não prevêem a necessária formação do professor para isso acontecer realmente.
“Como ensinar nesses contextos?”, pergunta a pesquisadora, ressaltando que tratar aqueles alunos como se eles tivessem o português como língua materna pode ocasionar vários conflitos, até mesmo o de a criança ser vista como “pouco inteligente” porque fala com sotaque. Ou, em outra situação, faz a formação das frases de forma diferente, como é o caso dos indígenas.
A professora Lúcia lembra que muitos bolivianos estão vindo ao Brasil em busca de melhores oportunidades e, trabalhando em empresas de coreanos e chineses, como acontece em São Paulo, nunca aprendem a falar português. Ela acrescenta dois outros exemplos que já estão ocorrendo em São Paulo: coreanos que não se utilizam de ônibus porque não sabem ler e de filhos de bolivianos que já começam a ser estigmatizados nas escolas.
Há outros contextos ainda, como o de alunos cegos, surdos ou mudos. Todos exigem professores com formação específica. Mas, na prática, isso não ocorre. “As leis falam de inclusão social, mas quem fala nessa formação especial de professores para melhor atender a esse público?”, pergunta mais uma vez a professora.
Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul)
Assessoria de Comunicação e Marketing