
“A língua italiana marcou a história do Brasil, por isso é importante discutirmos a imigração”, afirma Enrique Huelva, diretor do Departamento de Línguas Estrangeiras e Tradução.
Na Universidade de Brasília (UnB), a língua também desperta interesse. “No segundo semestre de 2009 tínhamos 155 alunos matriculados nos cursos regulares e 95 na UnB Idiomas”, revela a diretora do Instituto de Letras Maria Luiza Ortiz.
IMIGRAÇÃO – Na abertura da semana, o historiador e pesquisador Virginio Mantesso Neto apresentou a palestra Imigração Italiana no Brasil: História e Herança Cultural. Para ele, a vinda dos trabalhadores italianos nos séculos XIX e XX é um dos episódios mais impactantes da história dos dois países. “O Brasil recebeu mais de 1,5 milhão de imigrantes italianos. Só o estado de São Paulo recebeu um milhão”, afirma o historiador.
De acordo com Mantesso Neto, os primeiros imigrantes chegaram ao Brasil no século XIX, para trabalharem nas lavouras de café em São Paulo e Minas Gerais. “Nessa época vieram famílias completas para os cafezais. Em uma segunda parte da imigração chegaram italianos solteiros e com alto grau de escolaridade para contribuir com a indústria brasileira”, ensina o historiador.
Hoje, o Brasil tem cerca de 30 milhões de ítalo-brasileiros. O estado de São Paulo é o grande centro da mistura ítalo-brasileira, com 18 milhões de descendentes. Segundo Mantesso Neto, a mistura lingüística está presente em todas as áreas. “Na Mooca o sotaque italiano pode até virar patrimônio imaterial”, explica.
TALIAN - Desde a Idade Média o português recebe influência lingüística do italiano. “Palavras como bússola, mapa, espingarda, ágio e partitura são de origem italiana”, aponta o historiador. De acordo com ele, as regiões sul e sudeste apresentam a maior influência lingüística do país.
No Rio Grande do Sul, a segunda língua mais falada é o talian, dialeto vêneto-gaucho. “É um dialeto do norte da Itália que se conservou no sul do Brasil. Uma pessoa que fale talian pode visitar o norte da Itália sem problemas de comunicação”, afirma Mantesso Neto. Estimativas apontam que o Brasil tem cerca de 500 mil falantes do dialeto.
UnB Agência