
“Trata-se de uma categoria diferente de ‘Fellow’, destinada a personalidades cujas atividades tenham causado impacto sobre a saúde reprodutiva da mulher no mundo. A cerimônia de premiação, muito formal como é próprio dos ingleses, ocorreu na sexta-feira [24]. Pessoalmente, o título é um reconhecimento internacional de muito significado, pois vem da mais tradicional sociedade na área e que exerce grande influência sobre a Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia – da qual sou membro”, declarou Anibal Faúndes.
A professora Lesley Regan, do Imperial College London, iniciou o discurso de indicação de Faúndes ao conselho do RCOG afirmando que “a sua paixão e compromisso pela causa dos direitos reprodutivos da mulher é lendária”. Ela informou que o homenageado, nascido e formado no Chile, tornou-se um prolífico pesquisador que traz no currículo 419 publicações em revistas científicas no período de 1958 a 2009. “Esta vasta biografia, centrada principalmente em planejamento familiar e prática contraceptiva, tem contribuído enormemente para a melhoria de muitos aspectos dos cuidados da saúde reprodutiva das mulheres em todo o mundo”.
Lesley Regan relembrou o passado de exílios do docente da Unicamp, desde que foi coordenador do programa da saúde da mulher de Salvador Allende e fugiu com a mulher Ellen do país, atuando então na Argentina, Cuba e República Dominicana, antes de se fixar no Brasil a partir de 1976. “A história diz que ele foi profundamente tocado por testemunhar a tragédia repetida de mulheres jovens que morrem após abortos ilegais. E que sua curiosidade o levou a conversar com essas mulheres, passando a entender o contexto de dilemas e decisões difíceis que as levaram a arriscar suas vidas”.
A docente terminou o discurso justificando a homenagem a um médico que dedicou sua carreira a assegurar que as mulheres não morram desnecessariamente, como vítimas do aborto inseguro e suas complicações. “Não é irreal dizer que Anibal Faúndes mudou as estatísticas globais de mortalidade materna para melhor. Ele fez isso reunindo médicos, enfermeiros, líderes religiosos, juristas, moralistas e políticos em torno da mesa a fim de buscar um acordo, ao invés ficar polarizando a questão. Não é por acaso que um livro dele, em co-autoria com o saudoso José Barzelatto, tenha o título ‘O drama do aborto: em busca de um consenso’”.
Comunicação Social
Unicamp