Partindo de uma análise específica deste programa, a professora Edna Imaculada Inácio de Oliveira, do Curso de Pedagogia do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais (Unileste-MG), desenvolveu sua dissertação de mestrado. Diante de sua relevância, o estudo foi selecionado para apresentação durante o VI Congresso Brasileiro de Pesquisadores Negros (Copene), entre os dias 26 e 29 de julho, no Rio de Janeiro.
Reunindo estudantes, professores e pesquisadores do Brasil e exterior, o Copene tem como objetivo discutir a realidade das populações negras, sobretudo questões relativas ao racismo, e buscar alternativas que possibilitem a equidade social. Nesta edição, o evento traz como tema central Afrodiáspora: saberes pós-coloniais, poderes e movimentos sociais. A expectativa é que cerca de 2000 pessoas participem do evento.
ProUni como política afirmativa
Em seu estudo, Edna Oliveira analisa as implicações do ProUni no contexto do Centro Universitário, no período de 2005 a 2007. “A partir do levantamento do perfil dos alunos ingressantes por meio do programa, verifiquei que práticas pedagógicas foram adotadas pela Instituição em prol da permanência e êxito destes novos alunos na graduação”, contextualiza.
Ainda segundo a professora, entre os novos perfis absorvidos pelo Unileste estão alunos que haviam finalizado o ensino médio há alguns anos e estudantes do ensino público. “O interessante foi perceber um esforço dos cursos da área de Educação do Centro Universitário em promover mudanças pedagógicas que garantissem o apoio necessário ao bom desempenho destes estudantes”, destaca.
Sobre os benefícios do ProUni, Edna Oliveira afirma que o programa tem favorecido o ingresso de estudantes de perfil diferenciado. “Por meio do levantamento foi perceptível um aumento da entrada de alunos com perfil diferente daqueles até então matriculados no Unileste. O que vem favorecendo ao atendimento de uma demanda reprimida e que busca no programa acesso ao ensino superior”, destaca.
O negro na sociedade
Em sua pesquisa, Edna Oliveira também faz uma reflexão sobre o movimento negro enquanto protagonista na luta por acesso e permanência dos negros no ensino superior, além de destacar a importância do movimento ao colocar o tema em debate na agenda governamental e no âmbito da sociedade brasileira.
O estudo ainda contempla a análise sobre a realidade enfrentada pelo negro na sociedade atual. “Mesmo diante de dados que demonstram que os negros constituem 45% da população e 70% dos pobres e miseráveis no Brasil, a crença e o imaginário coletivo de que vivemos em harmonia racial inviabiliza as discussões sobre a exclusão vivida pela população negra”, argumenta a professora.
Edna contextualiza que a dificuldade enfrentada pelos negros na sociedade tem causa histórica. “Durante décadas, uma parcela significativa da população negra foi impedida de ingressar no mercado de trabalho, na sociedade produtiva e nos meios de serviços que a elite brasileira estruturou”, contesta a professora, que defende as políticas afirmativas como alternativas viáveis para a equidade social no Brasil. “A democratização do acesso da população negra à universidade tem papel fundamental no exercício à diferença, em um espaço de diálogo e formação de atores sociais até então invisíveis”, finaliza.
Assessoria de Comunicação Social
Centro Universitário do Leste de Minas Gerais