Paulo Speller, que foi aluno da Universidade de Brasília, diz que o projeto da Unilab se inspirou no projeto da UnB, elaborado por Anísio Teixeira e Darcy Ribeiro. A ideia é integrar os povos luso-afro-brasileiros. Metade das vagas será destinada a alunos estrangeiros, que cursarão parte do curso em campus brasileiro, localizado no Ceará, e parte no país de origem. “O projeto pedagógico garante que os alunos estrangeiros retornem à nação de origem e contribuam para o desenvolvimento de seu país”, explica o ministro da Educação, Fernando Haddad.
O reitor pró-tempore da Unilab afirma que a UnB estará entre as primeiras universidades a firmar parcerias com a instituição. Segundo ele, por ter sido a primeira universidade a resgatar o sistema de cotas, a Universidade de Brasília tem afinidades com a Luso-Afro-Brasileira. “Vamos trabalhar buscando integração por meio de parcerias, começando pela UnB”, garante Paulo Speller.
A Unilab oferecerá cursos que atendem demanda dos países africanos: Enfermagem, Formação de Professores, Gestão Pública, Agronomia e Engenharia de Energia. Ela ficará no município de Redenção, no Ceará, e a previsão é de que atenderá 5 mil alunos. Metade das vagas será destinada a alunos estrangeiros, que farão provas de seleção nas embaixadas brasileiras. Os estudantes brasileiros serão selecionados pelo ENEM, sendo que os alunos da rede pública e de municípios cearenses com comunidades quilombolas terão um bônus na nota.
COTAS – O presidente Lula também sancionou a lei que institui o Estatuto da Igualdade Racial. O texto prevê ações afirmativas que garantam políticas públicas para promoção da igualdade racial, mas exclui pontos considerados importantes, como a adoção de cotas para universidades públicas.
O ministro da Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial, Eloi Araújo, acredita que a ausência das cotas no estatuto não compromete seu conteúdo. “As pessoas achavam que ações afirmativas eram só cotas, e não é. Ações afirmativas são ações diferenciadas de acesso a bens públicas e privados”, explica o ministro. Segundo ele o Estatuto é apenas um passo na pavimentação de uma democracia racial.
Apesar das cotas terem ficado de fora do estatuto, o reitor da UnB, professor José Geraldo de Sousa Junior, avalia que sua aprovação pode favorecer a universidade no processo que é movido contra ela pelo Partido Democratas no Supremo Tribunal Federal. O DEM questiona a constitucionalidade do sistema de cotas adotado pela UnB em 2004. “Apesar de não estarem expressas no estatuto as cotas são um tipo de ação afirmativa, que é do que ele trata”, justifica. Dessa forma, a aprovação do estatuto poderia favorecer um entendimento no STF a favor do sistema da UnB.
UnB Agência