Realizado no auditório do Brazil Institute, o encontro reuniu mais de 120 pessoas, público formado principalmente por cientistas, especialistas em conservação da biodiversidade e jornalistas.
O discurso de abertura do simpósio foi proferido por Ernest Moniz, secretário de Energia dos Estados Unidos, para quem a Amazônia tem importância fundamental nas questões relacionadas às mudanças climáticas globais. Ele classificou também o momento atual de crítico e transformador para que se possa lidar com o desafio das mudanças climáticas.
“A Amazônia é um dos ecossistemas mais vitais do mundo, importante globalmente em muitas dimensões, uma delas a das mudanças climáticas, um dos maiores desafios de nosso planeta. Parte do pano de fundo, nesse contexto, é que, para o Brasil e para os Estados Unidos, os dois países continentais e maiores economias das Américas, os caminhos para a diminuição da emissão de dióxido de carbono têm sido diferentes. No Brasil, mais voltado aos desafios do gerenciamento da Amazônia e, nos Estados Unidos, a desenvolvimentos em oferta e demanda de energia, como na substituição de carvão por gás natural, e em medidas voltadas à eficiência energética, como veículos mais eficientes”, disse.
“Estamos em um período crítico e precisamos de um momento transformador para poder lidar com o desafio das mudanças climáticas globais. Não podemos ficar parados. Precisamos das melhores mentes, dos melhores cientistas, para compreender as mudanças que estão ocorrendo nas florestas tropicais e os efeitos que as mudanças no clima hoje e no futuro implicam globalmente nesses ecossistemas e como melhor preservá-los”, disse Moniz.
Entre as pesquisas apresentadas no simpósio estiveram trabalhos que integram a campanha científica Green Ocean Amazon (GoAmazon), um programa do DOE conduzido em parceria com a FAPESP e com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).
Voltado a verificar como o processo de urbanização de regiões tropicais afeta os ecossistemas locais e o clima global, o GoAmazon reúne pesquisadores dos dois países, que coletam e analisam dados ambientais na região de Manaus, tanto na área metropolitana como na floresta, em um gigantesco laboratório a céu aberto. “Esperamos que a colaboração GoAmazon represente uma contribuição importante em meio às contínuas e vibrantes parcerias que fazem avançar nossas agendas e nossos desafios globais”, disse o secretaria de Energia norte-americano.
O simpósio foi aberto por Jane Harman, presidente do Wilson Center, que destacou o fato de o encontro ocorrer em virtude de “uma amizade de anos entre a FAPESP e o Brazil Institute”. Em seguida, Harman falou sobre as boas relações entre os dois países em ciência e tecnologia.
“A parceria entre os Estados Unidos e o Brasil direciona pesquisas em praticamente todos os assuntos, como energia, alimentos, segurança humana e como fazer crescer nossas economias ao mesmo tempo em que protegemos o único meio ambiente de que dispomos. Esses assuntos vão ao cerne da prosperidade nas Américas do Norte e do Sul. Segurança ambiental significa segurança nacional e tanto os Estados Unidos como o Brasil têm dado passos muito encorajadores nesse sentido”, disse Harman, que foi deputada pela Califórnia em nove mandatos consecutivos.
Celso Lafer, presidente da FAPESP, agradeceu ao Brazil Institute, dirigido pelo brasileiro Paulo Sotero, centro parceiro na organização dos simpósios FAPESP Week nos Estados Unidos — o próximo ocorrerá de 17 a 20 de novembro na Califórnia.
“Hoje estamos celebrando algo que consideramos muito especial: os resultados das pesquisas que apoiamos na FAPESP sobre a Amazônia”, disse Lafer. “Algumas das pesquisas que serão apresentadas derivam de nosso trabalho de apoio em conjunto com o DOE e com a Fapeam, uma parceria muito interessante que permite integrar interesses e esforços comuns nas áreas envolvidas.”
“Há tanto a diplomacia para a ciência como a ciência para a diplomacia e parte desses esforços que estamos mostrando está relacionada com a primeira. São pesquisadores do Brasil e dos Estados Unidos que compartilham valores comuns ligados aos méritos da investigação científica. Em um mundo cheio de tensões, isso é algo que faz desse tipo de esforço também um esforço relacionado à construção do conhecimento e da cooperação”, disse.
O diretor científico da FAPESP, Carlos Henrique de Brito Cruz, falou sobre a ciência e tecnologia no Estado de São Paulo e o papel da FAPESP. Destacou as iniciativas da Fundação em aproximar pesquisadores de instituições paulistas com os de centros em outros países, especialmente por meio de acordos de cooperação e chamadas de propostas de pesquisas colaborativas.
“Temos um crescente portfólio de pesquisas sobre a Amazônia. É um assunto importante para nós, devido à importância da Região Amazônica para o Brasil e para o mundo, e é relevante no sentido que se liga a dois dos principais programas da FAPESP, que são o BIOTA [Programa FAPESP de Pesquisas em Caracterização, Conservação, Restauração e Uso Sustentável da Biodiversidade] e o Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais”, disse.
“Aprovamos cerca de um projeto de auxílio à pesquisa e entre duas e três bolsas por semana de pesquisas sobre a Amazônia, nos mais diversos campos do conhecimento. Pode ser sobre a biodiversidade na Amazônia, microrganismos encontrados na região ou sobre a literatura no século 19 a respeito da Região Amazônica, por exemplo. A gama é muito ampla e muitas vezes encontramos conexões surpreendentes entre os temas estudados”, disse Brito Cruz.
Após a palestra de Brito Cruz, dirigentes da FAPESP e do Smithsonian Institution assinaram um acordo de cooperação em pesquisa por meio do qual apoiarão projetos de pesquisa conjuntos, intercâmbio de pesquisadores, seminários e eventos científicos.
Agência FAPESP