“É uma grande honra para a Universidade de Peking poder sediar a FAPESP Week Beijing, o primeiro simpósio internacional da FAPESP na China”, disse Enge Wang, presidente da instituição chinesa, na abertura do evento. “A colaboração internacional é fundamental para o futuro de nossa instituição e, nesse sentido, a parceria com a FAPESP é importante para que possamos ampliar o intercâmbio entre pesquisadores do Brasil e da China.”
“Esse simpósio, organizado conjuntamente pela Universidade de Peking e pela FAPESP, é uma grande plataforma para que pesquisadores dos dois países troquem ideias que poderão se mostrar importantes em suas pesquisas”, afirmou Wang, que esteve em outubro de 2013 em São Paulo, quando visitou a FAPESP e foi recebido por dirigentes da Fundação.
“A ciência é cada vez mais o resultado do trabalho e do esforço conjuntos de pesquisadores espalhados por todo o mundo e é um papel de instituições como a FAPESP criar formas de reunir os pesquisadores e promover o processo de internacionalização da ciência”, disse Celso Lafer, presidente da FAPESP.
“Pesquisadores, não importa de quais países, compartilham a busca pela expansão do conhecimento e esse é um excelente ponto em comum para a cooperação e para estimular as relações produtivas internacionais”, afirmou Lafer.
O presidente da FAPESP lembrou que 2014 marca os 40 anos do restabelecimento das relações diplomáticas entre o Brasil e a China. Desde então, o país asiático se tornou o principal parceiro comercial do Brasil.
“O que o Brasil e a China já fizeram juntos é um exemplo de colaboração com benefícios não apenas para os dois países. Um exemplo é o programa CBERS [Satélite Sino-Brasileiros de Recursos Terrestres], cujos dados são utilizados por nações na África, por exemplo”, disse Valdemar Carneiro Leão, embaixador do Brasil em Pequim.
“Há muitas oportunidades de colaboração entre o Brasil e a China e a FAPESP Week Beijing é uma oportunidade para que cientistas possam debater em quais áreas poderão desenvolver tais parcerias. Governos podem encorajá-los, mas depende de vocês, cientistas, encontrarem áreas de interesse comum em que seja estabelecido o intercâmbio científico”, afirmou Leão.
Fan Jung, diretor adjunto de Cooperação Internacional do Ministério de Educação da China, destacou a cooperação já existente entre os dois países em educação e pesquisa.
Segundo Jung, há cerca de 1,5 mil brasileiros estudando na China, dos quais 300 vieram com bolsas do governo chinês. “Temos cerca de 1,5 milhão de chineses estudando em outros países, dos quais 4 mil estão no Brasil. São números importantes, mas ainda pequenos. Há muito espaço para crescer”, disse.
Universidade de Peking e FAPESP
Situado no distrito de Haidian, na zona oeste de Pequim – entre o Parque Yuanmingyuan e o Palácio de Verão, um dos principais pontos turísticos da capital chinesa –, o campus da Universidade de Peking ocupa uma área de 2,7 milhões de metros quadrados.
A principal instituição nacional de ensino superior no país foi fundada em 1898 e reúne hoje 38,8 mil estudantes – dos quais 2,6 mil estrangeiros – em cinco faculdades e 53 escolas e departamentos. Tem 6,2 mil professores e funcionários, 14,7 mil estudantes de mestrado e 8,5 mil de doutorado.
Com um orçamento anual para pesquisa de cerca de US$ 400 milhões, a Universidade de Peking apresentou um notável aumento na produção científica nos últimos anos. Em 2013, pesquisadores da universidade publicaram 6.247 artigos como primeiro autor; em 2014, já foram 2.417.
Os dados foram apresentados por Shiyi Chen, vice-presidente da Universidade de Peking, em palestra no primeiro dia da FAPESP Week Beijing.
Segundo Chen, um dos motivos para o crescimento é o aumento da cooperação com cientistas de outros países. Até 2000, por exemplo, o número de artigos publicados por chineses em conjunto com pesquisadores dos Estados Unidos não passava de 100 por ano. No final da década, eram mais de 600.
“A Universidade de Peking tem o objetivo de se tornar uma das mais importantes do mundo. Até 2020, queremos ter uma estrutura de classe mundial com pesquisadores e professores líderes em diversas áreas importantes”, disse Chen.
“Para isso, a colaboração internacional é muito importante. Queremos atrair de 400 a 500 pesquisadores de outros países, talentosos e de destaque, nos próximos anos”, disse.
Entre os instrumentos de atração de cientistas estrangeiros em vigor na Universidade de Peking, Chen destacou o Programa de Recrutamento de Especialistas Globais, por meio do qual mais de 40 pesquisadores de diversos países atualmente se encontram em laboratórios na instituição chinesa.
Em sua palestra, Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP, apresentou um breve panorama da ciência e da tecnologia no Estado de São Paulo. “O investimento estadual em ciência e tecnologia em São Paulo é o maior no Brasil”, explicou aos presentes.
“Uma parte importante no fomento e na definição de estratégias em pesquisa em São Paulo é realizada pela FAPESP, uma fundação com a missão de apoiar a pesquisa em todos os campos do conhecimento”, disse Brito Cruz. “Nós recebemos, em 2012, mais de 20 mil submissões de propostas de pesquisas e temos um certo orgulho de que as propostas são analisadas em média em 65 dias, o que é muito rápido.”
Brito Cruz também destacou os acordos de cooperação mantidos com instituições de outros países e os mecanismos oferecidos pela FAPESP para estimular o intercâmbio internacional em pesquisa. Entre esses mecanismos estão os programas Jovens Pesquisadores em Centros Emergentes, São Paulo Excellence Chair (SPEC) e Escola São Paulo de Ciência Avançada (ESPCA), o Auxílio à Pesquisa - Pesquisador Visitante e as bolsas de pós-doutorado e de pesquisa no exterior.
“Trazemos em média um visitante por dia de outros países, que fica de duas semanas a um ano. Então, todo dia um país no mundo manda um cientista para o Brasil para trabalhar em conjunto com colegas no Estado de São Paulo”, disse.
Agência FAPESP