O evento será promovido pela FAPESP em conjunto com a Universidade de Peking (PKU, na sigla em inglês) e reunirá pesquisadores dos dois países na capital da China para discutir estudos nas áreas de ciência dos materiais, meio ambiente, energias renováveis, agricultura, ciências da vida, medicina e saúde.
O foco principal do simpósio será aumentar o relacionamento entre pesquisadores do Estado de São Paulo e pesquisadores chineses de diferentes instituições de ensino e pesquisa, com o objetivo de promover estudos conjuntos que beneficiem a população de ambos os países.
A estratégica aproximação entre Brasil e China deve-se ao fato de que, nos últimos anos, o país asiático vem se destacando enormemente nas áreas de pesquisa e desenvolvimento, resultado do grande volume de recursos destinados a C&T, que o tornou uma das nações que mais investem em pesquisa no mundo, com reflexos claros na produção acadêmica e na economia.
Em setembro de 2013, o embaixador da China no Brasil, Li Jinzhang, esteve na FAPESP acompanhado da conselheira política da embaixada da China em Brasília, Tian Min, e do adido civil da representação chinesa no Brasil, Deng Huan, para discutir a aproximação nas áreas de ciência e tecnologia.
No mês seguinte, uma delegação da Universidade de Peking, chefiada por Wang Enge, presidente da PKU, esteve na Fundação a fim de conhecer melhor os mecanismos adotados para o financiamento à pesquisa em São Paulo e levantar o perfil das principais instituições de ensino e pesquisa do Estado.
Representantes da FAPESP também estiveram em Pequim em junho de 2013 e em março de 2014, para discutir e preparar o simpósio em Pequim.
O evento é parte de um esforço da FAPESP pela internacionalização da pesquisa brasileira. Desde 2012, a Fundação já organizou simpósios científicos em Washington, Morgantown, Cambridge, Charlotte, Chapel Hill, Raleigh (EUA), Toronto (Canadá), Salamanca, Madri (Espanha), Tóquio (Japão) e Londres (Reino Unido).
A fim de que as pesquisas apoiadas pela Fundação estejam entre as mais destacadas no mundo, a FAPESP tem feito parceria com instituições de pesquisa internacionais, além de agências de fomento e empresas em países conhecidos pela alta qualidade de suas pesquisas.
Cooperação científica
De acordo com Li Jinzhang, embaixador da China no Brasil, nos últimos anos seu país aumentou significativamente os investimentos em ciência, tecnologia e educação, o que fez com que outros setores da sociedade chinesa percebessem os resultados desses investimentos, passando a apoiá-los como prioridade. Isso explica, segundo ele, a expressiva participação das empresas no desenvolvimento científico e tecnológico chinês.
Para Celso Lafer, presidente da FAPESP, este é o momento de a Fundação incluir a China em seu processo de internacionalização, tendo em vista os significativos investimentos realizados pelo país asiático em pesquisa e desenvolvimento.
“São Paulo pode tornar-se um parceiro importante na produção do conhecimento para as universidades e instituições de pesquisa da China, visto que produz 50% da ciência brasileira. Em diferentes áreas, nossas pesquisas vêm se internacionalizando rapidamente e precisamos criar condições para aumentar nossa produção científica e tecnológica também com os chineses. Assim, os valores da ciência poderão fazer parte da construção de fortes laços entre as sociedades dos dois países”, diz.
De acordo com Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da Fundação, a crescente produção científica chinesa justifica a aproximação com instituições e pesquisadores daquele país. “Com os eventos FAPESP Week, têm sido criadas oportunidades para aumentar a visibilidade da ciência feita em São Paulo e, com isso, criam-se oportunidades para projetos de pesquisa colaborativos internacionais. Com o evento na China buscamos intensificar as oportunidades de colaboração com pesquisadores naquele país, especialmente com os da Universidade de Peking, responsável por parte significativa da produção científica chinesa.”
Programação
No primeiro dia da sessão de palestras, após a apresentação pelo diretor científico da FAPESP de um panorama da ciência e tecnologia no Estado de São Paulo, serão expostos trabalhos desenvolvidos por pesquisadores dos dois países nas áreas de ciência dos materiais e nanomateriais. Serão abordados, entre outros aspectos, o desenvolvimento de modelos para carga eletrostática e suas possibilidades de uso na produção e conservação de energia.
O segundo dia do evento estará reservado para apresentações de pesquisadores da área de ciências ambientais e energias renováveis, com palestras sobre o desenvolvimento do Modelo Brasileiro do Sistema Terrestre, que incorpora conhecimentos sobre as florestas e oceanos tropicais e sua influência nas mudanças climáticas globais, e sobre as tecnologias para superar os desafios para a produção de biocombustíveis de segunda e terceira geração.
Agricultura, ciências biológicas, medicina e ciências da vida serão as áreas abordadas pelos pesquisadores no terceiro dia do evento. Entre os temas de apresentações estarão estudos sobre a relação do investimento em capital humano e as mudanças tecnológicas na agricultura, pesquisas sobre as estratégias de remodelação da fisiologia de plantas para os processos de produção de alimentos e bioenergia e as novas tecnologias em neuroimagem, ressonância magnética e biomarcadores para o tratamento da epilepsia.
Biodiversidade brasileira
Como parte da programação, a Universidade de Peking receberá também a mostra Brazilian Nature – Mistery and Destiny, dedicada à divulgação da biodiversidade brasileira. A programação completa do evento pode ser conferida no endereço www.fapesp.br/week2014/beijing. A participação é aberta ao público, mediante inscrição.
Resultado de uma parceria entre a FAPESP e o Museu Botânico de Berlim, a exposição Brazilian Nature mostra o trabalho de documentação feito pelo naturalista alemão Carl Friedrich Philipp von Martius (1794-1868), reunido na obra Flora brasiliensis, que 173 anos depois da publicação de seu primeiro volume permanece como o mais completo levantamento da flora brasileira, ainda utilizado na identificação de plantas do Brasil e da América do Sul.
O trabalho do naturalista deu origem também ao projeto Flora Brasiliensis On-line e Revisitada, que inclui a atualização da nomenclatura utilizada no trabalho original de Martius e a inclusão de espécies descritas depois de sua publicação, com novas informações e ilustrações recentes.
A exposição apresenta ainda uma comparação das imagens produzidas no século 19 com fotografias atuais de plantas e biomas, além de retratar alguns dos resultados de pesquisas realizadas no âmbito do projeto “Flora fanerogâmica do Estado de São Paulo” e do Programa de Pesquisas em Caracterização, Conservação, Recuperação e Uso Sustentável da Biodiversidade do Estado de São Paulo (BIOTA-FAPESP).
A exposição é composta por 37 painéis, com reproduções de imagens e ilustrações e textos explicativos. A mostra que chega agora à China já foi vista em Berlim, Bremen, Leipizig, Heidelberg, Eichstätt e Erlangen (Alemanha); Toronto (Canadá); Washington, Cambridge, Morgantown, Charlotte, Chapel Hill e Raleigh (Estados Unidos); Salamanca e Madri (Espanha); Tóquio (Japão); e Londres (Reino Unido).
A exposição abre ao público no dia 15 de abril, na biblioteca da Universidade de Peking, onde ficará até 29 de abril. Os painéis digitalizados podem ser vistos com legendas em português, inglês, alemão, espanhol e mandarim no endereço www.fapesp.br/publicacoes/braziliannature.
Agência FAPESP