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Foi aberto nesta quinta-feira e prossegue na sexta o 9º Workshop Internacional Brasil-Japão – Sociedade, Energia e Ambiente, organizado pelo Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético (Nipe), no Centro de Convenções.  O evento promovido conjuntamente por Unicamp, USP e Unesp está reunindo as três universidades paulistas e quatro japonesas: Tokyo University of Agriculture and Technology (Tuat), Kyoto University, Gifu University e Kumamoto University.
Desde a primeira edição em 2003, então no âmbito das relações entre as cidades-irmãs Campinas e Gifu, o workshop vem ocorrendo anualmente, ora no Brasil, ora no Japão.

O objetivo é discutir informações atualizadas de programas governamentais, da iniciativa privada e da universidade nas áreas de energia, biomassa, meio ambiente e sustentabilidade, resíduos sólidos e líquidos e novas tecnologias. E, associado a esses temas, buscar maior intercâmbio de pessoal, P&D e abertura de novos canais de cooperação e joint-ventures de interesse estratégico entre instituições japonesas e brasileiras, a fim de desenvolver tecnologias e atividades empresariais para satisfazer necessidades imediatas nessas áreas. Também entra nos debates a recente imigração brasileira no Japão, com seus impactos sociais e no trabalho daquele país.

Ao abrir o workshop, o reitor Fernando Costa, que esteve há dois anos no Japão, ressaltou os avanços significativos obtidos por aquele país em tecnologia fotovoltaica, enquanto o Brasil é líder global em biocombustíveis, notadamente em etanol de cana-de-açúcar. “Iniciamos processo para instalar um laboratório estadual dedicado à bioenergia na Unicamp e buscar pesquisadores altamente qualificados que ocupem posições de liderança para seguir com ensino e pesquisa nesta área. Vamos anunciar quais são as colocações em publicações científicas renomadas. Gostaríamos de receber pessoas de todo o mundo, em particular do Japão”.

Fernando Costa também falou sobre a imigração japonesa no Brasil, que completou um século, e a recente migração brasileira ao Japão, que tem influenciado a cultura de ambos os países. “A Unicamp, a propósito, possui longa história de cooperação com os japoneses. Nos últimos anos, cerca 15 graduados nossos, de várias áreas, participaram de cursos de treinamento oferecidos pela Jica [Japan International Cooperation Agency]. No ano passado, sete estudantes de importantes universidades japonesas vieram estudar conosco. Espero que este evento venha reforçar as relações Brasil-Japão, especialmente no âmbito acadêmico”.

Shigeaki Ueki, que chegou a ministro de Minas e Energia do governo Geisel (1974-1979) aos 38 anos e logo em seguida à presidência da Petrobras, participaria da primeira plenária, sobre cooperação Brasil-Japão para pesquisa e produção industrial de biocombustíveis. Ele destacaria, entretanto, que o setor do petróleo continua sendo muito importante para o mundo e mais ainda para o Brasil. “Nossas necessidades são maiores a cada ano, já que a população segue crescendo e consumindo mais. Graças a Deus, as novas descobertas têm assegurado produção suficiente e acrescentado outras reservas. O futuro do país em matéria de petróleo será brilhante”.

Em relação ao desinteresse do Japão em investir no pré-sal, Shigeaki Ueki observou que as empresas de petróleo do país têm pouca atividade na área de exploração e produção, e quase não estão presentes em outros países. “Sendo pouco atuantes internacionalmente, é natural que não tenham grande interesse pelo Brasil. Os técnicos japoneses, que estão sendo atraídos para China e Coreia, certamente têm oportunidades de trabalho também no Brasil, mas não em produção e exploração, e sim em refino, transporte e robótica para instrumentação das refinarias – o Japão tem mais de 50% da população de robôs do mundo. Sentimos falta desse tipo de mão de obra especializada e, em minha opinião, o salário médio que pagamos é hoje altamente competitivo”.

Para o professor Luís Cortez, pesquisador do Nipe e coordenador do workshop, os japoneses podem trazer importante colaboração na área de energia elétrica, sobretudo no sistema de gestão. “O Brasil ainda está cru nesse assunto, conhecido como ‘smart grids’, em que são conectados à rede pequenos fornecedores de energia, como fotovoltaica, eólica ou à base de biomassa. Nosso sistema continua muito centrado em grandes fornecedores, sobretudo na geração hidrelétrica, mas a tendência é de fomento à geração descentralizada de energia, principalmente nas regiões mais desenvolvidas. Havendo incentivo econômico, as pessoas colocarão painéis solares em suas residências, obtendo a energia de que necessita e até vendendo o excedente gerado”.