Submit to FacebookSubmit to Google PlusSubmit to TwitterSubmit to LinkedIn
De acordo com a presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena Nader, as universidades brasileiras precisam se modernizar. "O caminho para isso passa pela internacionalização do ensino", defendeu a professora Ofir Bergman, da Coordenadoria de Assuntos Internacionais da UFG, durante a conferência "Cooperação Brasil-União Européia em educação, pesquisa e extensão", que ocorreu ontem na 63ª Reunião Anual da SBPC. A mesa foi coordenada pelo Prof. Edgar S. de Decca (Unicamp).
A professora lembrou que o Brasil passa por um grande estímulo à internacionalização, e citou o programa Ciência Sem Fronteiras, do governo federal, que vai disponibilizar 75 mil bolsas para intercâmbio até 2014. Ela defendeu a internacionalização como um quarto pilar da universidade pública, sustentada pelo tripé "pesquisa, ensino e extensão". Também ressaltou a importância de que a cooperação internacional vá além de pesquisas conjuntas, aproximando conteúdos curriculares e metodologias de ensino. Segundo ela, a experiência da UFG mostrou que o aprimoramento cultural dos envolvidos em programas de mobilidade não é limitada ao aprendizado de outras línguas.

Sobre a UFG, Bergman destacou o estímulo ao ensino de línguas realizado pela Pró-Reitoria de Desenvolvimento Institucional e Recursos Humanos (PRODIRH), que concede bolsas de estudo a alunos estrangeiros de baixa renda. A professora ainda falou a respeito do sucesso de programas de mobilidade de que a UFG participa, como o Erasmus Mundus e o Alfa III, além da intenção de fortalecer a atuação da UFG dentro do Instituto de Estudos Brasil - Europa (IBE), criado no final do ano passado.

O coordenador do IBE, Prof. Moacyr Martucci (USP), explicou que o instituto, composto por 20 instituições, tem o diferencial de procurar por projetos de interesse mútuo que beneficiem tanto a comunidade européia quanto a brasileira. "Além disso, o IBE também objetiva construir projetos colaborativos, mas também reunir pesquisadores de nacionalidades distintas nos mesmos grupos de pesquisa e estimular a transdisciplinaridade; fundamental em qualquer área da ciência atual", explicou o coordenador.

Martucci também salientou a necessidade de construir projetos de sustento e fomento para pequenas e médias empresas. "A Europa soube ensinar às suas universidades como transmitir os conhecimentos gerados", declarou. Ele ainda afirmou que o instituto vai realizar reuniões anuais com os grupos que compõem as quatro grandes áreas de cooperação formadas: Humanidades e Artes, Saúde e Biologia, Tecnologia e Políticas Públicas, de forma a rever as ações desenvolvidas e propor novas ideias. "Uso intensivo do ensino à distância e multidisciplinaridade vão ser uma constante em todos os projetos, bem como o uso de um fórum digital para cada uma das quatro grandes áreas", detalhou o professor.

O outro lado

O chefe do setor de cooperação da União Européia no Brasil, Jerome Poussielgue, citou as perspectivas e os desafios que o bloco enfrenta na gestão de seus programas de mobilidade. "Desde o Tratado de Amsterdã, nos preocupamos em fornecer uma formação internacional aos nossos estudantes. Acreditamos que os programas de mobilidade servem para fortalecer os princípios da União Européia de integração e promoção do bem-estar social, frente ao passado marcado pelas guerras no continente", explicou o representante.

De acordo com o francês, a experiência internacional já passou a ser um elemento de concorrência no mercado de trabalho europeu e mundial, o que força as universidades a trabalhar de forma conjunta com as empresas e futuros locais de trabalho dos estudantes de hoje. Como política pública nessa área, o representante citou o programa de educação da UE 2014-2020, que pretende investir cerca de 15 milhões de euros para alcançar três grandes objetivos; consolidação e amplição dos programas de mobilidade; cooperação entre instituições de ensino e empresas; e estímulo e promoção do empreendedorismo e da pesuisa.

Respondendo a perguntas do público, o representante minimizou a ocorrência da chamada "fuga de cérebros" -- quando pesquisadores formados em países em desenvolvimento migram para países ricos a fim de continuarem seu trabalho. De acordo com ele, o número de europeus que têm migrado para terras brasileiras e se estabelecido aqui é crescente. "Temos medidas aqui no Brasil que evitam isso, como os doutorados sanduíche. Por outro lado, nosso país já é atraente para os estrangeiros", completou a professora Ofir. Durante a conferência, a professora ainda anunciou o I Congresso Internacional do Instituto de Estudos Brasil - Europa, a ser realizado de 29 de novembro a 1° de dezembro de 2011.

Fonte: Ascom /UFG