De entre os temas que serão abordados e discutidos, os destaques vão para “Lições de Chernobil”, “Programa Nuclear Brasileiro”, “Fukushima e o Renascimento Nuclear”, “A Missão das Indústrias Nucleares no Brasil” e “Segurança dos Reatores Nucleares”.
A primeira edição, em 2007, trouxe grandes individualidades para discutir o armazenamento do combustível nuclear já utilizado em repositórios geológicos definitivos como uma forma de reduzir os supostos danos provenientes desses resíduos, tanto ao meio ambiente quanto aos seres humanos.
Esta foi uma medida que os norte-americanos adotaram acreditando ser a melhor forma de lidar com esse tipo resíduos da produção energética nuclear, enterrando-os definitivamente em uma grande profundidade, no caso, a Yucca Mountain, no estado de Nevada, nos EUA.
O combustível usado é um resíduo quente, que permanece irradiando por muito tempo. Segundo o professor José Eduardo Martinho Hornos, docente do Grupo de Física Teórica do IFSC-USP e membro do grupo de Métodos Matemáticos em Ciências Moleculares, essa radiação não oferece perigo ao ser humano. “Eu posso pôr esse resíduo na sala da minha casa. Estando protegida por quatro paredes de concreto, a radiação nunca irá me causar danos”. E, mesmo no que diz respeito a produções em grande escala, os resíduos produzidos são poucos, porque a quantidade de combustível utilizado é pequena. “Uma pastilha de urânio do tamanho de uma mão é capaz de energizar a cidade de São Carlos por um ano”, explica o professor Hornos.
O único perigo real desses resíduos está no contato com fontes de água e com o solo, que resultaria em problemas graves de contaminação. Sendo assim, a idéia dos norte-americanos deixou de ser vista como a melhor maneira de eliminação dos resíduos.
O que passou a ser estudado, a partir daí, foi o reprocessamento do combustível nuclear. Hoje em dia, países como a França, a Rússia, a China e o Japão já reprocessam os rejeitos. O grupo de pesquisa do professor Hornos, juntamente com a Eletronuclear e a Comissão Nacional de Energia Nuclear, está envolvido em pesquisas sobre reprocessamento. A estratégia traçada foi fazer um armazenamento temporário, por um período de tempo controlável, de aproximadamente 50 anos, para que se recolha o resíduo quando técnicas eficazes de reprocessamento e reutilização tenham sido elaboradas.
Esta segunda edição do Encontro em Energia Nuclear e Proteção Ambiental seguirá o rumo dessas mudanças de paradigma no conceito que se faz da produção de energia nuclear e de reatores nucleares e discutirá as novas tendências e as perspectivas nacionais na área. Para isso, foram convidados para o evento o Almirante Orthon, presidente da Eletronuclear, Odair Gonçalves, presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear, profissionais do IPEN (Institutos de Pesquisas Energéticas e Nucleares), do CDTM (Centro de Desenvolvimento de Tecnologia Nuclear), Almirante Bezerril e Almirante Luciano, encarregados da construção do primeiro submarino nuclear brasileiro.
Enquanto a área ganha cada vez mais forças, devido à crescente necessidade mundial por matrizes energéticas alternativas, e a política de criação de usinas, cresce também a necessidade de armazenamento cuidadoso dos rejeitos combustíveis e de uma cultura de proteção das fontes naturais. “A intenção do Encontro é formar recursos humanos para esta área, chamar a atenção do empresariado, e alertar a população e os ambientalistas com a seguinte mensagem: o uso da energia nuclear é inevitável para a humanidade”.
Este evento dos dias 2 e 3 de junho é aberto à comunidade da cidade de São Carlos e a entrada é franca.
Assessoria de Comunicação
IFSC-USP