Já em 1894, o livro Progresso em Máquinas Voadoras, de engenheiro francês Octave Chanute, abordava o trabalho de 65 precursores. As bases da ciência aeronáutica foram estabelecidas já no início do século XIX. O inglês George Cayley escreveu em 1810 o Tratado Sobre a Navegação Aérea. “Na obra, ele já fala de conceitos importantes, como a importância da curvatura da asa para gerar uma força de sustentação que mantenha o avião no ar”, conta Joaquim. “Além disso, ele já havia concebido que seria preciso mais potência para levantar vôo do que para manter-se no ar”.
Segundo o professor, os primeiros que se aventuraram a construir uma máquina voadora tinham que encarar o desafio de garantir que a força de sustentação de que falava Cayley superasse o peso do avião. O próprio Cayley arriscou-se a projetar um planador controlado em 1799, que não chegou a voar. “Mais tarde, em 1853, ele conseguiu fazer um planador que chegou a pairar por 100 metros”, conta o professor. “Foi o primeiro a voar em máquina mais pesada que o ar”.
Uma das maiores limitações que para fazer uma máquina que alçasse vôo, segundo o professor, foi a ausência de um motor adequado. “Os motores a vapor eram muito pesados, talvez o avião tivesse sido inventado antes se já existissem os motores a gasolina”, afirma Joaquim. Ainda assim, os irmãos franceses Félix e Louis de Temple chegaram fazer um projeto de um planador com motor a vapor. “Mas ele deu apenas um salto colina abaixo e não um verdadeiro vôo”. Seguiram-se outras tentativas, como a de Clemente Ader, em 1890, que também com ajuda de um motor a vapor elevou-se a 20 centímetros e voou por 50 metros. “Mas não conseguiu fazer decolar o seu projeto Avion III, que tinha dois motores a vapor”, afirmou Joaquim.
Otto Lilienthal, também autor de um clássico da aviação, chegou a fazer mais de 2 mil vôos planados entre 1891 e 1896. “Otto construiu uma plataforma de onde saltava para testar suas máquinas”, conta o professor. “Ele também desenvolveu um sistema que permitia controlar o vôo com movimentos do corpo”, explica.
IRMÃOS WRIGHT – Em 1903, foi a vez dos irmãos Wright, que realizaram o primeiro vôo motorizado com auxílio do vento. Joaquim Blessmann afirmou que apesar deles não terem inventado o avião, se destacaram pela competência científica. “Eles fizeram tudo aos poucos. Primeiro testes com pipas em formato de avião, depois com planadores e só depois de muita experiência colocaram o motor”, conta.
Um sistema parecido com o de Lilienthal também foi usado pelos irmãos Wright. “Eles construíram asas flexíveis que permitiam estabilizar e controlar o avião lateralmente”, explica o professor. Os irmãos Wright usaram o mesmo princípio utilizado nas pipas para fazer suas máquinas voarem. “As pipas dependem do vento para garantir a força de sustentação”, explicou.
Santos Dumont, filho de cafeicultor, tinha como principal vantagem a riqueza que herdou da família. “Foi o que tornou possível que ele adotasse um motor no 14 Bis”. O brasileiro também se inspirou em pipas, mas para o formato das asas, que partiram de um modelo australiano. Em outubro de 1906, o avião voou pela primeira vez, percorrendo 60 metros a uma altura de 2 metros.
UnB Agência