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celso-amorimO ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim afirmou que a atual crise no Oriente Médio é um dos eventos mais importantes do século XXI. Segundo ele, o ímpeto libertário pode se estender a outros países que vivem situações semelhantes, como nações africanas. Por esse motivo, observou, as revoltas no Egito e na Líbia são fatos mais relevantes para a história do que a queda das Torres Gêmeas nos Estados Unidos, em 11 de setembro de 2001. Amorim proferiu a Aula Magna dos cursos de Ciência Política e Relações Internacionais.
“Se for procurar na história, é preciso ir até a Revolução de 48 para encontrar algo parecido”, explicou Amorim. A Revolução de 1848, também chamada de Primavera dos Povos, foi um conjunto de revoluções ocorridas Europa central e oriental que pedia o fim de regimes autocráticos e a criação de governos constitucionais.

Amorim comparou também os movimentos políticos do Oriente Médio à queda do muro de Berlim, que, segundo ele, representou o fim da tensão entre duas ideologias. A diferença para ele entre esses eventos, como o 11 de setembro, é o ímpeto libertário e a capacidade de se estender por outros países.

Para ele, dificilmente a crise no Oriente Médio terá influência no Brasil. “Claro que pode afetar com o aumento do preço do petróleo”, explica. Ele acredita, entretanto, que o país pode ajudar as nações que estão em revolução, com lições em matéria de processo eleitoral, por exemplo. “Hoje não há suspeitas de fraudes nas eleições”, pontua. Acredita também que o Brasil pode ajudar em questões sociais. “O estopim das revoluções nesses países foi sempre social e o Brasil avançou nessas questões nos últimos anos”, disse.

O ex-chanceler fez também um balanço do período em que esteve à frente do Ministério de Relações Exteriores. Segundo ele, o Brasil manteve uma política externa altiva, no sentido de buscar a auto estima e de respeitar grandes e pequenos, mas também exigir ser respeitado. Lembrou que o país não ficou preso a conceitos diminutivos, de que não seria capaz de se impor em determinadas questões.

Celso Amorim, que era professor da Universidade de Brasília até o começo do ano, recebeu dos estudantes uma placa como homenagem, na qual agradeceram sua contribuição à UnB e ao país. “Era uma homenagem que não esperava e me emociona, pelas raízes que tenho”, afirmou. Ele comemorou o fato de ter sido convidado para a Aula Magna e por estar entre jovens. O reitor da UnB, José Geraldo de Sousa Junior, ressaltou a importância da presença no ex-ministro e elogiou a política adotada por Celso Amorim como ministro. “Uma boa e qualificada política de relações internacionais acompanhada de boa interpretação acadêmica  do que preside essas relações”, defendeu.

A Aula Inaugural faz parte da programação organizada pelos Institutos de Relações Internacionais e de Ciência Política e seus centros acadêmicos para recepcionar os calouros e para estreitar as relações entre os dois institutos. Amanhã, dando seguimento à programação, haverá duas sessões de exibição de curtas metragens comentados: uma às 12h e outra às 18h.

UnB Agência