A monografia “O cego e o mercado de trabalho” discutiu questões sociais, culturais e de empregabilidade do cego na Grande Florianópolis e na capital angolana. Orientado pelo professor Dr. Jaci Rocha Gonçalves, e utilizando o método do jornalismo etnográfico, Fernando fez uma série de entrevistas com pessoas cegas, no Brasil e em Angola.
Concluiu que grande parte dos cegos procura capacitação para se inserir no mercado de trabalho, com cursos técnicos, de ensino médio e superior, mas são poucos os contratados, donde se percebe um forte preconceito de quem emprega, de quem contrata, apesar de todo o avanço na legislação pertinente ao tema.
A maior barreira, no caso, é a da acessibilidade atitudinal, ou seja, falta atitude ao empregador para perceber que contratar uma pessoa cega que se capacitou é mais do que uma exigência legal, é uma maneira de inseri-la no mercado e aumentar a sua autoestima. “O cego não quer assistencialismo, o cego que se capacita quer uma oportunidade de trabalho, ele sabe trabalhar, sabe fazer aquilo que aprendeu”, observa Fernando, que além do Jornalismo fez cursos de reflexologia e de massoterapia.
A questão da acessibilidade a uma universidade e ao mercado de trabalho foi debatida durante os mais de 60 minutos de duração da banca de monografia, apresentada a partir do auditório C da Unisul na Pedra Branca, por vídeo conferência, para a universidade Agostinho Neto, de Angola. Também a TV pública de Angola registrou a monografia, trabalho necessário para a conclusão do curso e a obtenção do título de jornalista.
Fernando será o primeiro jornalista cego diplomado de Angola. O seu TCC teve nota final 9,0 (nove). Felipe Faria, professor e presidente da Associação Nacional do Cego em Angola, e Venceslau Mujinga, da universidade Agostinho Neto, foram os examinadores do trabalho em Angola. Pela Unisul, avaliaram o trabalho de Fernando a coordenadora do programa de Acessibilidade da Unisul e coordenadora da biblioteca universitária na Grande Florianópolis, Salete Cecília de Souza, e o professor de Jornalismo Mauro Meurer.
O diretor do campus Grande Florianópolis da Unisul, Hércules Araújo Nunes, assistiu à banca, assim como representantes da Acic (Associação Catarinense de Integração do Cego) e de movimentos sociais. A apresentação foi incluída, pelo professor Jaci, na programação da terceira UniDiversidade, evento que revitaliza culturas e povos e que teve, nesta sexta, também, o lançamento de um livro, pelo professor Pedro Santos, sobre Guiné Bissau, um país, assim como Angola, da costa ocidental da África.
Na plateia, em Luanda, estavam familiares de Fernando, que depois da defesa da monografia, puderam conversar com o aluno, que está longe de casa há quase 10 anos.
Em Palhoça, entre os presentes, uma angolana cega chamada Rosa da Silva Manoel chamou a atenção. Aluna da Unisul, está sem contato com os seus familiares há nove anos. Num esforço, pediu à universidade e à TV angolana um contato com seus familiares.
Fernando entrou na Unisul em 2005, premiado com o programa de bolsas Unisul 40 anos, e está concluindo o curso beneficiado pelo artigo 170 da legislação estadual.
Ouça aqui uma série de mensagens sonoras produzidas por Fernando que auxiliam você a colaborar com uma pessoa cega e a quebrar preconceitos.
C&M - Comunicação e Marketing da Unisul
Unisul – Universidade do Sul de Santa Catarina