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Empenhado no estudo e na promoção de alternativas de energia sustentável, o Centro Nacional de Referência em Biomassa (Cenbio), do Instituto de Eletrotécnica e Energia (IEE) da USP, organiza a segunda edição do Seminário Bioenergia: desafios e oportunidades de negócios. O evento, que acontece no dia 28 de setembro, traz como foco das discussões o etanol. As inscrições para participar do encontro já podem ser feitas, gratuitamente, no site do Cenbio. O seminário será dividido em dois painéis, "Bioetanol – Perspectivas de Novas Tecnologias" e "Etanol – Novos Produtos: Biodiesel, Diesel de Cana, Bioquerosene e Biopolímeros".
Cristiane Lima Cortez, pesquisadora do Cenbio e organizadora do evento, explica que o objetivo do primeiro painel é discutir as possibilidades de otimização da produção do etanol, isto é, aumentar a sua produção por área plantada de cana-de-açúcar. Serão apresentados e debatidos estudos, novas tecnologias de produção e previsões de quando estas estarão disponíveis no mercado, técnicas de plantio e análises sobre qualidade de cana, de terra e técnicas agrícolas.

Um exemplo de método que está sendo estudado é a hidrólise enzimática (processo no qual enzimas específicas se alimentam da celulose do material para produzir o etanol), que gera o chamado etanol de segunda geração. Esse tipo de etanol é produzido a partir da palha e das pontas da cana, hoje em dia consideradas resíduos da produção.

Etanol: o caminho da cana na usina
A cana, depois que colhida, é higienizada, cortada e moída. O líquido passa então por diversos evaporadores e, em um determinado momento, se obtém o melaço. Deste melaço, é possível tanto produzir o etanol quanto o açúcar sólido (através da continuação do processo de evaporação).

Para a produção do etanol, o melaço vai até um tanque de fermentação, e passa, posteriormente, por um processo de destilação. São obtidos dois produtos: um com muito pouca água, que funciona como aditivo da gasolina (a gasolina brasileira tem 25% de etanol, o que a torna menos poluente), e outro com mais água, que serve para abastecer os automóveis.

Atualmente, o bagaço da cana, antes considerado um resíduo, é fonte de energia e renda para os usineiros. A princípio, o bagaço era queimado, usado como combustível para evaporar a água que movimenta as engrenagens da própria usina. Com o aperfeiçoamento do processo, os usineiros produzem tanta energia excedente que são capazes de vendê-la para concessionárias.

Novos usos
O motivo para tamanha preocupação em aumentar a produção do etanol é bem simples: a demanda do produto tende a crescer cada vez mais nos próximos anos. Além de seu tradicional uso como combustível de automóveis, novas tecnologias vêm surgindo, sob a bandeira da sustentabilidade, para expandir a fabricação de outros subprodutos renováveis. E este é o tema do segundo painel do seminário, que apresenta técnicas de fabricação de outros biocombustíveis a partir do etanol.

“Estes biocombustíveis, diferentemente do petróleo, podem ser considerados não-poluentes pois não alteram o balanço de carbono – o CO2 liberado na queima do combustível foi consumido pela planta. Além disso, é uma fonte de energia renovável e sustentável, e o petróleo é finito”, defende a pesquisadora Cristiane Cortez.

Um dos tópicos do painel será o biodiesel de etanol. Segundo a pesquisadora, uma única empresa brasileira é capaz de fazer este produto em escala comercial. “Para obter o biodiesel, são necessários gordura animal ou vegetal e álcool. No entanto, a grande maioria das empresas utiliza o metanol, que é um álcool derivado do petróleo, e a sua substituição pelo etanol significaria tornar esse tipo de combustível cem por cento renovável”, diz. Ainda serão tratados outros grandes avanços tecnológicos, estudos muito recentes, como o bioquerosene (substituto do combustível de avião, altamente poluente).

Outro tema levantado neste segundo painel é a produção de biopolímeros, ou seja, de plásticos (tradicionalmente derivados do petróleo) que podem ser feitos também de biomassa - no caso, de cana-de-açúcar. Foram convidadas uma empresa que fabrica este produto e outra que já o utiliza como embalagem. “Temos que pensar nessas alternativa num mundo tão acostumado com plástico”, diz Cristiane, “mas mesmo que haja essa base sustentável, se não aliarmos o consumo consciente, nem o sustentável vai dar conta”, pondera. Cristiane afirma ainda que é preciso estudar o quanto a produção de cana teria que crescer para suprir todas essas novas demandas, e reitera a importância de discutir meios de aumentar a produção sem aumentar a área plantada.

Serviço
As inscrições para o Seminário Bioenergia: desafios e oportunidades de negócios podem ser feitas através do site do Cenbio. O evento é aberto ao público e gratuito, e acontece das 8h30 às 18h30, no dia 28 de setembro, no Auditório Professor Paulo Ribeiro de Arruda, da Escola Politécnica (Poli) da USP (Prédio de Engenharia Elétrica da Poli - Av. Professor Luciano Gualberto, travessa 3, 158, Cidade Universitária, São Paulo). O telefone do Cenbio é (11) 3091-2649 / 2655.

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