As mudanças climáticas que vêm ocorrendo devido ao aumento de gases estufa poderão provocar impactos econômicos, sociais e ambientais expressivos na América Latina e no Caribe. De acordo com relatórios do Banco Mundial e da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal), estas regiões estão entre as mais vulneráveis do globo, e estima-se que, com alterações mais drásticas no clima, possa haver mais ocorrência de malária, dengue, cólera – doenças relacionadas à contaminação da água –, entre outras consequências.
Com esse pano de fundo, a Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP organizou o Simpósio Internacional de Mudanças Climáticas e Pobreza na América do Sul, que acontece de 30 de agosto a 3 de setembro, e que já está com inscrições abertas. “Queremos reunir informações e pesquisas em andamento nos países deste continente, que abordem os impactos das alterações do clima sobre a pobreza e sobre o acesso aos serviços de saneamento, energia, saúde, transporte e habitação”, afirma Sonia Maria Viggiani Coutinho, uma das pesquisadoras responsáveis pela organização do evento.
O simpósio contará com pesquisadores de instituições brasileiras e de universidades do Chile, Argentina, Paraguai, Uruguai, Equador, Bolívia, Peru e Colômbia. Entre as exposições mais aguardadas, segundo Sonia, estão a videoconferência do pesquisador Jochen Jesinghaus, do Joint Research Centre of the European Community (JRC), considerado um dos “papas” dos indicadores de desenvolvimento sustentável, e a palestra do professor Alfredo Pena-Veja, da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais (França), que falará sobre a complexidade das ciências ambientais.
Entre os brasileiros estão Christovam Barcellos e Ulisses Eugenio Cavalcanti Confalonieri, da Fundação Oswaldo Cruz, e José Antônio Marengo Orsini, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
As mesas-redondas são voltadas a professores, alunos de graduação e pós-graduação, pesquisadores e profissionais da área. As inscrições vão até o dia do evento e são gratuitas.
Oficinas
Além dos debates abertos, o simpósio terá ainda oficinas destinadas a especialistas e pesquisadores. “A intenção, com estes grupos de trabalho, é chegar a um conjunto de indicadores que mostrem os problemas comuns aos países da América do Sul e como lidar com eles”, explica Sonia. Com a produção e organização de conhecimento sobre as vulnerabilidades dos países, será possível estruturar políticas públicas para a adaptação às mudanças climáticas.
A produção nesses grupos de trabalho será coordenada por Andrés Schuschny, da Cepal, que vem desenvolvendo projeto e cursos sobre as relações entre a sociedade e o meio ambiente na América Latina e Caribe. Os temas serão energia, habitação, saneamento, saúde e transporte.
“A questão das mudanças climáticas é um tema polêmico e relativamente novo, mas que já tem boas pesquisas pelo Brasil. O mais importante, com o simpósio, são as relações que formamos entre os pesquisadores. Vamos agregando conhecimento e valores sobre o que cada um já trabalha”, aponta Sonia.
O evento é realizado pelo Departamento de Saúde Ambiental da FSP e pelo Grupo Siades - Sistema de Informações Ambientais para o Desenvolvimento Sustentável. Ele faz parte do projeto “Sindromes Climáticas y Pobreza en Sudamérica”, financiado pela Fundação Carolina, e tem apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superio (Capes), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). A coordenação é do professor da FSP Arlindo Philippi Júnior.
Serviço
O Simpósio Internacional de Mudanças Climáticas e Pobreza na América do Sul será realizado entre os dias 30 de agosto e 3 de setembro, das 8h15 às 17h45. O local é a Faculdade de Saúde Pública da USP: Av. Dr. Arnaldo, 715, Cerqueira César, São Paulo, próximo ao metrô Clínicas.
As inscrições são gratuitas e podem ser feitas até data do evento.
O site do simpósio tem a programação detalhada de palestras e horários.
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