A partir da BVPS, eles propõem mapear, organizar e disponibilizar pesquisas dedicadas ao estudo das interpretações do Brasil em suas diferentes linguagens – intelectual, científica, artística –, e através de diferentes disciplinas – ciências sociais, história, literatura e artes –, envolvendo ainda comparações com outras sociedades.
De acordo com uma das integrantes do comitê executivo da BVPS, Tamara Rangel Vieira, a biblioteca virtual é resultado das atividades de uma rede de pesquisadores que, ao longo dos últimos anos, vem consolidando e ampliando a área de pensamento social junto à comunidade científica das Ciências Sociais. “O pontapé inicial veio com dois projetos principais: “Cartografias do rural no pensamento social brasileiro”, coordenado pela pesquisadora Nísia Trindade Lima, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), desde 2011, e “O rural e o urbano no pensamento social brasileiro: recursos didáticos e Biblioteca Virtual do Pensamento Social”, coordenado por André Botelho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), desde 2012”, conta.
Reunidos em um só ambiente virtual, é possível identificar trabalhos inseridos na área de “pensamento social”, desenvolvidos por autores filiados não apenas às disciplinas básicas das Ciências Sociais, no caso, Antropologia, Sociologia e Ciência Política, mas também à História, Teoria Literária e Filosofia, por exemplo. Sendo assim, é possível encontrar teses, dissertações e artigos provenientes dessas diferentes áreas, sobre temas e autores centrais para o pensamento social brasileiro, entre eles Alberto Torres; André Rebouças; Antonio Candido; Caio Prado Jr.; Carlos Chagas; Celso Furtado; Euclides da Cunha; Florestan Fernandes; Gilberto Freyre; Guerreiro Ramos; Joaquim Nabuco; Mário de Andrade; Monteiro Lobato; Oliveira Vianna; Raymundo Faoro; Sérgio Buarque de Holanda; e Sílvio Romero.
A BVPS disponibiliza pequenas notas biográficas sobre esses autores. De linguagem direta e acessível, essas pequenas biografias foram formuladas por pesquisadores especializados, em sua maioria historiadores e sociólogos, que se dedicaram ao longo se sua trajetória acadêmica ao estudo destes intérpretes. Esses pesquisadores, cujos nomes acompanham cada uma das biografias disponibilizadas no site, são também membros dos conselhos consultivo e executivo da biblioteca virtual. “Ainda no início deste ano, ampliaremos esse conjunto de intérpretes, com novas notas biográficas sobre intérpretes do Brasil e de outros países da América Latina. Esse trabalho tem permitido estreitar a rede mantida com colegas pesquisadores da América Latina e do Caribe, da Argentina, Uruguai, México e Porto Rico, e dos Estados Unidos”, informa um dos membros do comitê executivo da BVPS, Antonio Brasil Júnior.
Entres as diferentes fontes de informação que compõem a Biblioteca, o material audiovisual se destaca, em especial os vídeos de homenagens, por seu ineditismo e qualidade. “Esses vídeos são fruto de sessões de homenagens a importantes pesquisadores da área de pensamento social e juntos constituem, talvez, a primeira instância coletiva de discussão sobre as ‘obras exemplares’ do campo de pensamento social. Sem dúvida, terão relevância tanto para o usuário leigo, que conhecerá os principais líderes da área de pensamento social, quanto para o pesquisador experiente”, pondera Alejandra Josiowicz, que também participa do comitê executivo da BVPS.
A realização das filmagens dos vídeos de homenagens ficou a cargo do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil da Fundação Getúlio Vargas (Cpdoc-FGV), centro de referência em documentação e registro deste tipo de material e uma das instituições integrantes deste projeto. “Nestas homenagens, há sempre duas exposições analíticas sobre o percurso intelectual na área de pensamento social de pesquisadores centrais na modelagem do campo. Os demais vídeos à disposição no site são fruto de pesquisa na Internet e identificação de sua relevância para a área de pensamento social”, acrescenta Tamara.
Entre as motivações para a realização do trabalho, está a possibilidade de contribuir para a consolidação da área do “pensamento social” enquanto campo disciplinar. “Diante da porosidade das fronteiras que definem a área do ‘pensamento social’ e a separam de outras áreas do conhecimento, a BVPS, além de proporcionar maior agilidade na pesquisa, pela possibilidade de encontrar em um único ambiente uma grande diversidade de materiais relacionados ao pensamento social, também assegura uma navegação orientada e de qualidade”, destaca Antônio Brasil Júnior.
Vale destacar que o acesso ao conteúdo do portal é livre e todo o material está disponível para download. “Desde que foi concebido, o portal foi pensado para ser, a um só tempo, um ambiente de pesquisa e aprendizagem que visa a atender tanto pesquisadores acadêmicos quanto jovens estudantes de graduação, ensino fundamental e médio, além de demais interessados”, diz Tamara. O lançamento oficial da BVPS aconteceu no dia 27 de outubro de 2015, no âmbito do 39º Encontro Anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs). No final de 2016, foi criado um endereço simplificado, destinado a facilitar o acesso dos usuários (bvps.fiocruz.br), e a BVPS foi incluída no site de bibliotecas virtuais em saúde da Fiocruz (http://portal.fiocruz.br/pt-br/content/bibliotecas-virtuais-em-saúde).
Todo o material disponibilizado na base de dados BVPS (teses, dissertações e artigos), foi levantado em portais e sites como o da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), da Scientific Eletronic Library Online (Scielo), da Anpocs e da Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS). “Sendo assim, não foi necessário digitalizar nada, embora haja projetos futuros nesta direção. Houve, sim, um trabalho exaustivo de levantamento, identificação e classificação das referências relacionadas ao pensamento social para posterior indexação na base. Indexamos apenas materiais que não tenham restrição quanto aos direitos de acesso ao seu conteúdo”, conta Alejandra.
A equipe envolvida no projeto é numerosa e, ao longo desses quatro anos de execução e aprimoramento, foi se adensando. Entre os pesquisadores, participam Alejandra Josiowicz, Nísia Trindade Lima, Robert Wegner e Gilberto Hochman, além de Tamara Rangel Vieira (todos da Fiocruz), Alexandro Dantas Trindade e Simone Meucci (ambos da Universidade Federal do Paraná –UFPR); Aline Marinho Lopes e Carmen Felgueiras (ambos da Universidade Federal Fluminense – UFF); André Botelho e Antônio Brasil Jr. (da UFRJ); Antônio Herculano Lopes (Fundação Casa de Rui Barbosa – FCRB), Bernardo Ricupero (Universidade de São Paulo – USP), Elide Rugai Bastos e Mariana Chaguri (ambas da Universidade Estadual de Campinas – Unicamp) e João Marcelo Ehlert Maia (do Cpdoc/FGV). Entre bibliotecários e profissionais da área de informática, estão: Aline da Silva Alves, Augusto Vinhaes, Jaqueline Gomes, Luciana Danielli, Paula Xavier e Valéria Machado (todos da Fiocruz). Muitos alunos estiveram envolvidos neste projeto, entre eles: Clara Fonseca e Lucas Faial (bolsistas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica – Pibic, da UFRJ), Renan Barbosa (Pibic/Fiocruz) e Wallace Bueno (bolsista de Iniciação Científica da FAPERJ, com atuação na UFF).
A principal fonte de recursos para o projeto foram os seguintes editais da FAPERJ: Apoio a Projetos de Pesquisa na Área de Humanidades – 2011, Apoio à Produção de Material Didático para Atividades de Ensino e/ou Pesquisa – 2012, Difusão e Popularização da Ciência e Apoio a Projetos Temáticos no Estado do Rio de Janeiro – 2015. Os programas Jovem Cientista do Nosso Estado (que contemplou André Botelho, e já encerrado) e Cientista do Nosso Estado (outorgado a Nísia Trindade Lima e a André Botelho) e o programa de Apoio ao Pós-doutorado no Estado do Rio de Janeiro nos anos de 2012, 2013 e 2015, também se configuraram como fonte de recursos para este projeto. O estudo também contou com o suporte de um edital interno lançado em 2014 pela Fiocruz, o Programa de Apoio às Bibliotecas Virtuais em Saúde. Para os seminários organizados pela rede BVPS, houve auxílio também dos editais da Capes e recursos do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia (PPGSA/UFRJ) e da UFF.
Assessoria de Comunicação FAPERJ