Os painéis haviam deixado o edifício-sede da ONU em 2010, quando teve início uma grande reforma no prédio que se estendeu até 2013. O Projeto Portinari, que cuida do legado do artista, conseguiu, na ocasião, a guarda dos painéis para restaurá-los e promover sua exposição no Brasil.
Constituída em 1945, a ONU construiu seu edifício sede em Nova York entre 1949 e 1952, a partir de um projeto de Oscar Niemeyer. Durante a construção, foi solicitado aos países membros que cada um doasse uma obra de arte para a nova sede. O governo brasileiro encomendou em 1952 a obra a Portinari que escolheu, entre os temas apresentados, guerra e paz.
Os murais medem, cada um, 14 metros de altura e 10 metros de largura e são compostos, ao todo, por 28 placas de madeira compensada naval de 2,2 metros de altura por 5 metros de largura, que pesam, cada uma, 75 quilos. A área total pintada é de 280 metros quadrados, maior do que a do Juízo Final, de Michelangelo, na Capela Sistina.
Os painéis foram pintados em nove meses, após quatro anos de estudos. Antes de serem embarcados para os Estados Unidos, foram exibidos ao público em fevereiro de 1956, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Em 6 de setembro do ano seguinte, realizou-se a cerimônia oficial de entrega e instalação dos dois painéis no hall de entrada da Assembleia Geral da ONU. Os Estados Unidos não permitiram a ida de Portinari à cerimônia devido às ligações do artista com o Partido Comunista.
A reforma no edifício-sede da ONU possibilitou que os painéis retornassem ao Brasil em 2010. Em dezembro daquele ano, foram novamente exibidos no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Em 2011, os painéis passaram por minucioso processo de restauro, em ateliê aberto ao público no Palácio Gustavo Capanema, também no Rio de Janeiro.
Os painéis Guerra e Paz foram apresentados em São Paulo, no Memorial da América Latina, de fevereiro a maio de 2012, recebendo 200 mil visitantes. No ano seguinte, foram expostos em Belo Horizonte. Em 2014, eles foram mostrados no Salon d´Honneur do Grand Palais, em Paris.
“Guerra e Paz são a síntese de uma vida inteira comprometida com o ser humano”, disse João Candido Portinari, filho do artista e fundador e diretor do Projeto Portinari, por ocasião da inauguração da exposição em São Paulo. “Representam a suprema e derradeira síntese da obra de Portinari, que é pontuada pelo contraponto entre o drama e a poesia, o trágico e o lírico, a fúria e a ternura, entre guerra e paz.”
Veja os detalhes no painel Guerra e Paz na página do Projeto Portinari.
Obras de Candido Portinari ilustraram o Relatório de Atividades da FAPESP em 2009. Leia também entrevista realizada pela Agência FAPESP com João Candido Portinari, responsável pelo Projeto Portinari.
Agência FAPESP