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unesp-logoA revista Unesp Ciência deste mês revela um tipo novo de movimento migratório que está ocorrendo no Brasil, mas ainda não figura nas estatísticas oficiais. Favorecidos por um lado pela alta demanda de mão de obra no Sudeste e, por outro, pelas melhorias nas condições de vida no sertão, uma grande quantidade de nordestinos vive hoje em trânsito.
Em vaivém constante, eles passam alguns meses nas grandes metrópoles, principalmente em São Paulo, e outros tantos em sua cidade natal, que ao poucos vai sendo transformada pelas experiências e o novo poder aquisitivo de seus habitantes.

A reportagem acompanhou o antropólogo Antonio Mendes da Costa Braga, da Unesp em Marília, em duas viagens. A primeira, mais curta, foi até o bairro paulistano de São Miguel Paulista, de onde saem regularmente ônibus carregados de passageiros e mercadorias (de fogões a motocicletas) para o segundo destino, bem mais distante: a região de São Raimundo Nonato, na Caatinga piauiense.

O pesquisador está interessado nas pessoas que há anos vem construindo sua vida profissional e pessoal entre as duas localidades. “O que parece ser um negócio de transporte de mercadorias e pessoas entre o interior do Piauí e a cidade de São Paulo, é uma complexa rede de solidariedades e de fluxos, na qual o que vincula uns aos outros são principalmente as relações familiares e de parentesco”, explica Braga.

Os grandes deslocamentos de trabalhadores do Nordeste para o Sudeste começaram a se intensificar na década de 1930 e alcançaram seu ápice nos anos de 1950. A partir de 1980, muitos migrantes começaram a voltar devido à crise econômica. No século 21, a tendência se manteve. Segundo o IBGE, entre 2002 e 2007 cerca de 410 mil nordestinos fizeram a chamada migração de retorno, voltando a seus lares de origem, vindo de outros Estados. A migração de retorno, porém, não explica esse novo fenômeno, conforme pensamento de Antonio Tadeu Ribeiro de Oliveira, gerente de estudos e pesquisas sociais do IBGE.

“Existem abordagens teóricas, tais como o conceito de migração circular, que descrevem bem estes casos”, afirma Oliveira. “Mas nossas pesquisas ainda não conseguem captar plenamente estes movimentos.” Segundo ele, um novo tipo de Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílio (Pnad) que será implantado em 2013 e terá periodicidade mais frequente (atualmente a Pnad é anual), deverá suprir esta lacuna.

Enquanto isso não acontece, a reportagem de Pablo Nogueira e Guilherme Gomes apresenta aos leitores as histórias desses “sertanejos on the road”, que falam muito das mudanças pelas quais o país vem passando nos últimos anos.

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