![Histórias da imigração Imigração](http://defzrfbnd549j.cloudfront.net/images/stories/immagini/immigranti.jpg)
Verona conta como, de 1855 a 1890, o Bairro do Brás foi palco de radical transformação em sua conformação urbana. Saltou dos 974 habitantes para 16.807, no final do período. Em 35 anos, deu-se um aumento populacional equivalente a 1.625%. A incorporação abrupta desses novos moradores fez o Brás, no final do século XIX, atingir sozinho mais de um quarto (25,9%) da população paulistana.
“A imensa maioria dos novos residentes era de imigrantes. É de se imaginar o que esse incremento causou nas já precárias condições de vida de seus antigos habitantes, visto que aquela área da, então, acanhada cidade de São Paulo não possuía o mínimo de infra-estrutura suficiente para abrigar de forma decente todo esse extraordinário contingente”, afirma o estudioso.
Segundo o pesquisador, três elementos parecem ter contribuído significativamente para a ocorrência desse “boom”: a construção de um importante entroncamento ferroviário; da instalação de unidades fabris na zona da chamada “várzea”; e uma expressiva concentração e disponibilidade de mão de obra. Em 1865, fora inaugurada no Brás a estação ferroviária da então “São Paulo Railway Company” (S.P.R.), a conhecida “Santos-Jundiaí” e, na década seguinte, em 1877, foi a vez de uma segunda gare, esta pertencente à Estrada de Ferro do Norte (depois Central do Brasil), que ligou a cidade de São Paulo ao Rio de Janeiro.
Famílias inteiras
Foi exatamente nesse contexto de expansão econômica e demográfica daquele bairro que ocorreu, entre 1891 e 1895, a chegada dos imigrantes da cidade industrial de Schio (Itália). Para o professor da FCL, é possível saber com precisão que componentes, ou até mesmo grupos inteiros de famílias, como os Berton, Boniver, Casara, Corà, Frizzo, Luccarda, Martinuzzi, Marzotto, Poli, Scaramuzza, Tovaglia, Vicentin, Viero, Zambelli e Zanella, permaneceram por algum tempo ou se fixaram demoradamente no Brás de então.
“Predominava um ambiente insalubre e infeccioso, no qual crianças, menores e velhos tornavam-se presas fáceis. A persistência dessas condições de miséria geraria doenças, que, por sua vez levariam a uma verdadeira mortandade. Para os dirigentes do estado e do capital da época, porém, à força de trabalho estrangeira trazida em abundância, cabia apenas a geração exclusiva de seus vultosos lucros”, conclui Verona.
Serão lançados ainda, nesse mesmo espaço e no mesmo horário, In difesa della razza - Os judeus italianos refugiados do fascismo e o antissemitismo do governo Vargas, de 1938-1945, de Anna Rosa Campagnano; e Laços de sangue - Privilégios e intolerância à imigração portuguesa no Brasil, de José Sacchetta Ramos Mendes, também numa parceria entre a Edusp e a Fapesp.
Data: 10/05 (terça-feira)
Local: Livraria Cultura do Conjunto Nacional, Loja de Artes- Avenida Paulista, 2073 - São Paulo
Horário: das 18h30 às 21h00.
Unesp Assessoria de Comunicação e Imprensa