De acordo com o diretor-presidente da Edusp, Plínio Martins Filho, o projeto da edição em português da Bibliographia Brasiliana, iniciado há cerca de quatro anos, foi uma iniciativa do bibliófilo e empresário José Mindlin (1914-2010), então presidente da comissão editorial da Edusp.
“A iniciativa foi de Mindlin, que era grande amigo de Borba de Moraes e compartilhava sua paixão pelos livros. A Bibliographia Brasiliana é uma obra de referência fundamental para bibliófilos e para todos que estudam a história do livro no Brasil. É um trabalho único no país”, disse à Agência FAPESP.
Segundo Martins Filho, a versão em português se baseou em um exemplar da segunda edição em inglês, de 1983, deixado por Borba de Moraes com anotações, correções e anexos. Nesse exemplar, que se encontra na Biblioteca Guita e José Mindlin, doada por Mindlin à USP, Borba de Moraes deixou uma nota intitulada: “Instruções para uma improvável edição póstuma lá pelo ano de 2003”.
“Foi uma das últimas obras cuja publicação foi sugerida por Mindlin para o conselho editorial da Edusp, antes de sua morte em 2010. Borba de Moraes tinha o projeto de uma publicação póstuma baseada no exemplar revisto da edição de 2003. Mas não sabemos se ele projetava uma edição em português”, afirmou.
Borba de Moraes possuía boa parte das obras descritas na Bibliographia Brasiliana, que foram integradas ao acervo da Biblioteca Guita e José Mindlin.
A primeira edição, de 1958, segundo Martins Filho, foi publicada em Amsterdam, na Holanda. A segunda edição ampliada e revista, de 1983, foi publicada em parceria entre a Universidade da Califórnia (Estados Unidos) e a Livraria Kosmos, do Rio de Janeiro.
Pioneiro da biblioteconomia
Nascido em Araraquara (SP), Borba de Moraes foi bibliotecário, bibliógrafo, bibliófilo, autor, historiador, administrador, professor universitário e pesquisador. Em 1922, foi um dos organizadores da Semana de Arte Moderna. Ao lado de Mário de Andrade e outros intelectuais, fundou as revistas literárias Klaxon e Terra Roxa, na década de 1920.
Entre 1936 e 1942, foi diretor da Biblioteca Municipal de São Paulo, reorganizou sua estrutura interna e planejou um sistema de sucursais da biblioteca em várias partes da cidade. Dentro da estrutura da Biblioteca Municipal da capital paulista, fundou a primeira escola profissionalizante de biblioteconomia do país.
Em 1939, com uma bolsa da Fundação Rockefeller, estudou por seis meses a organização das maiores bibliotecas dos Estados Unidos: a Biblioteca do Congresso e das Universidades de Harvard, Michigan e da Califórnia. Naquele período, fundou a Associação Paulista de Bibliotecários.
Entre 1945 e 1947, Borba de Moraes dirigiu a Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro. Entre 1949 e 1955, foi diretor do Centro de Informações das Nações Unidas, em Paris (França). De 1955 a 1960, foi diretor da Biblioteca das Nações Unidas, em Nova York – durante esse período publicou a primeira edição da Bibliographia Brasiliana.
Em 1968, lecionou Biblioteconomia e Bibliografia no Departamento de Ciência da Biblioteconomia da Universidade de Brasília (UnB), onde se aposentou em 1975. Passou então a residir em Bragança Paulista (SP), onde faleceu em 1986.
Além de Bibliographia Brasiliana, o autor publicou, entre outros trabalhos, Domingo dos Séculos (1924), Bibliografia Brasileira do Período Colonial (1969), O Bibliófilo Aprendiz (1965) e Livros e Bibliotecas no Brasil Colonial (1979).
* Bibliographia Brasiliana
Autor: Rubens Borba de Moraes
Lançamento: 2010
Preço: R$ 172
Páginas: 1.232
Mais informações: www.edusp.com.br
Agência FAPESP