Jorge Mario Pedro Vargas Llosa, 74 anos, se formou em Letras e Direito pela Universidade Nacional Maior de São Marcos, em Lima. Em 1959, quando ganhou uma bolsa de estudos em Filosofia e Letras pela Universidade de Madri, começou a se dedicar à literatura. Foi quando se tornou doutor, publicou seu primeiro livro – a coletânea de contos "Os chefes" e escreveu a peça de teatro "La huída del Inca". Até hoje, foram mais de 20 livros, dentre eles “A travessura da menina má”, publicado em 2006, e o “Pantaleão e as visitadoras”, em 1973.
A professora de Literatura Hispânica da UnB Elga Laborde conheceu o escritor em 1967, quando ele recebeu o Prêmio Internacional de Literatura Rômulo Gallegos, em Caracas. “Era um jovem amável e aparentemente reservado”, relembra a professora. Llosa já tinha publicado “Os Chefes” e o romance “A cidade e os cachorros”. “Ele tinha se convertido em uma celebridade, com livros traduzidos em mais de 20 línguas e prêmios acumulados”, conta Elga.
Na ocasião, Llosa foi premiado com o romance “A casa verde”, que já tinha recebido o Prêmio da Crítica no ano anterior. Elga Laborde relembra que durante o discurso, Llosa afirmou que o dinheiro, cerca de US$ 100 mil, seria destinado à causa da revolução cubana. “Esse ato causou estupor na intelectualidade venezuelana e nos participantes estrangeiros, pois a quantia procedia de meios conservadores”, relata.
A crítica constante ao sistema de hierarquia e divisões sociais e raciais presente na América Latina é a principal característica de suas obras. Em 1990, Vargas Llosa disputou no Peru a Presidência da República e perdeu para Alberto Fujimori. “Muita água correu desde então no processo evolutivo político e literário da América Latina e também na vida dele”, avalia a professora.
Elga não poupa elogios sobre o escritor. “A obra dele está acima das contingências humanas”, afirma. Para ela, o nome do escritor é que dá prestígio aos prêmios. “No caso de Vargas Llosa – que tem muitos dos mais importantes prêmios da literatura no mundo, esse princípio se cumpre. O Nobel é um a mais”, afirma.
Rogério da Silva Lima, também professor do Departamento de Teorias Literárias e Literaturas, acredita que o prêmio dado a um escritor latino americano tem um significado especial para o continente. “Esses prêmios são sempre políticos e dependem de interesses. Mas não é só isso. O valor da obra é muito importante”, afirma. “Além disso, os olhos do mundo se viram para cá”, completa. O professor acredita que o prêmio não é tardio. “Um escritor precisa de tempo para consolidar a sua obra”.
UnB Agência