Em sua pesquisa o professor Joares May comparou onças capturadas em duas áreas: Pantanal Norte em Poconé (MT) e Pantanal Sul Miranda (MS). Foram retiradas amostras de pelos para levar a laboratório de química e avaliar o teor de mercúrio nas raiízes dos pelos de onças.
O professor May explica que o mercúrio é usado para extrair o ouro e fala do processo em cadeia, como o mercúrio chega às onças. “Este mercúrio escorre para os rios e contamina as plantas e microorganismos. Os peixes dos rios se alimentam das plantas e microorganismos e contamina com o mercúrio da água também. Jacarés vivem na água e comem os peixes. As onças comem os peixes e os jacarés contaminados”.
O resultado obtido no estudo e apresentado no artigo mostra que no Pantanal Norte, onde há extração de ouro, o valor médio de mercúrio acumulado nos pelos, foram 40 vezes maior que na área sem extração de ouro (Pantanal MS).
Segundo May, este é o primeiro artigo publicado sobre mercúrio em onças monitoradas e vivas. É o maior registro feito em animais selvagens. “Esta pesquisa também mostra a importância de monitorar a saúde das onças, pois assim como ela, nós seres humanos podemos nos contaminar e sofrer com as consequências negativas da contaminação por mercúrio”, explica o professor.
Joares May é professor na Unisul, atua como médico veterinário e coordena o projeto de conservação de espécies de carnívoros como onças, pumas, lobos no Brasil e em Belize. May é mestre em epidemiologia experimental aplicada às zoonoses, presidente da Panthera Brasil, membro da Global Insular Conservation Society, Projeto Onçafari, IUCN/VSG – Veterinary Specialist Group e pesquisador associado do Instituto Pró Carnívoros.
Para ler o artigo científico publicado na revista Scielo na integra, acesse aqui, http://www.scielo.br/pdf/aabc/2017nahead/0001-3765-aabc-201720170190.pdf