O NAI é uma unidade docente-assistencial vinculada à Universidade Aberta da Terceira Idade (UnATI), um bem-sucedido projeto de extensão da Uerj. “O objetivo é avaliar se o uso desta tecnologia vai trazer melhor qualidade de vida ao paciente, diminuir o nível de estresse do cuidador e facilitar o trabalho da equipe médica. Temos observado que o sistema tem sido responsivo, facilitando muito o monitoramento dos pacientes e a interação médico-cuidador. Com isso, os cuidadores se sentem mais amparados e, em consequência, isso se reflete na sua rotina. No final do projeto, queremos avaliar se o número de reinternações e consultas médicas não programadas, ambulatoriais ou de emergência, diminuem”, disse o responsável pelo desenvolvimento do sistema, Alexandre Sztajnberg, que é coordenador do Laboratório de Ciência da Computação (LCC/Uerj).
O projeto, que começou a ser desenvolvido em 2014, foi contemplado pela FAPERJ no edital Apoio à Pesquisa Clínica em Hospitais Universitários Sediados no Estado do Rio de Janeiro. Duas equipes estão envolvidas: a do LCC e a do NAI. Na Uerj, o NAI, coordenado pela médica Luciana Motta, oferece um serviço de monitoramento em saúde contínuo para pacientes idosos com vários estágios de desordens neurocognitivas – Doença de Alzheimer e outros tipos de demência. Uma equipe de saúde multidisciplinar (com médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, nutricionistas, fisioterapeutas e fonoaudiólogos) acompanha cerca de 250 pacientes e seus cuidadores. Atualmente, 30 idosos estão testando o sistema. “O serviço é gratuito e leva em conta as características do grupo de pacientes monitorados e seus cuidadores: o cuidador é geralmente um membro da família e está constantemente estressado; a família tem, em média, baixa renda; a maioria reside em bairros periféricos e necessita de transporte público para chegar à Uerj”, explicou Sztajnberg.
Os usuários – cuidadores, na maioria das vezes, ou os próprios pacientes – acessam o app (abreviatura de application, do inglês, ou "aplicativo", em português) para smartphones. Através desses aparelhos móveis, eles enviam e recebem informações e notificações da equipe de saúde. “O sistema oferece lembretes sobre uso de medicação e consultas agendadas; informações das medidas realizadas para acompanhar a pressão arterial e a glicemia; relatório diário com informações sobre o comportamento, a rotina alimentar, evacuação e micção do paciente; e relatório semanal sobre o próprio cuidador, incluindo perguntas sobre seu nível de estresse, recebimento de mensagens de suporte ao cuidador nas orientações de cuidado; e envio periódico da localização do paciente, usando uma combinação de possibilidades como o GPS e sistemas de localização baseados na rede”, descreveu o pesquisador, que também é coordenador do bacharelado em Ciência da Computação da universidade.
Por outro lado, os médicos e profissionais da saúde têm acesso ao sistema através de um tablet, que facilita o monitoramento e a comunicação com o grupo de pacientes. “Entre as funções do aplicativo, neste caso, estão visualizar alarmes e informações atualizadas dos pacientes, em grupo; acompanhar detalhes de cada paciente, incluindo a sua localização atual e dos últimos dias, permitindo avaliar sua mobilidade; enviar o agendamento de consulta e lembrete de medicamentos, além de mensagens para usuários individuais ou grupos de pacientes; e visualizar os relatórios relacionados aos pacientes e o relatório do cuidador”, completou.
Alexandre Sztajnberg destaca que a proposta é oferecer uma ferramenta para ajudar os profissionais de saúde. “O sistema, em momento algum, substitui o trabalho do profissional de saúde. Queremos oferecer uma ferramenta de apoio aos profissionais de saúde e também saber se o trabalho da equipe médica melhora com esse sistema”, ressaltou. “Nosso cuidado foi desenvolver um sistema prático, simples e lúdico, com muitas imagens, poucos textos e características semelhantes aos jogos eletrônicos que não são destinados ao lazer, conhecidos como serious games, que tornam a navegação agradável”, ponderou.
O Sistema Móvel de Assistência ao Idoso já tem registro no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e sua ideia de concepção já foi patenteada. “No Brasil, você não pode patentear o software, você registra o sistema e patenteia a ideia”, contextualizou. A intenção é que ele chegue ao mercado depois dessa fase de aprimoramento. “Esse sistema pode ter desdobramentos e ser utilizado por outros públicos-alvos, no futuro, pela iniciativa privada”, concluiu.
Para a médica Luciana Motta, a experiência com o uso do sistema tem sido positiva. “O trabalho interdisciplinar da computação com a Medicina vem funcionando muito bem. A Tecnologia da Informação e Comunicação é uma realidade e abre inúmeras possibilidades de melhoria na interação entre os profissionais de saúde e entre estes e seus pacientes e cuidadores. No nosso caso, são doentes crônicos, com alta dependência e dificuldades de mobilidade, que precisam de orientações constantes”, disse Luciana.
“A tecnologia entra como um instrumento de facilitação muito importante e não substitui a consulta presencial, até porque pelo Conselho Federal de Medicina não se pode prescrever pela Internet. Mas ela aproxima os cuidadores com a equipe de saúde, já que podemos fazer perguntas e intervenções diárias no cuidado, sem precisar de consultas presenciais, uma vez que eles já são pacientes nossos e têm consultas presenciais regulares. O aplicativo supre o espaço entre uma consulta e outra, garantindo um vínculo dos cuidadores com a equipe de saúde, o que dá mais tranquilidade ao processo”, completou Luciana.
A equipe de computação – que desenvolve, mantém e monitora o sistema – é formada pelos estudantes de Ciência da Computação: Matheus Costa Stutzel, Michel Fillipo, Camila Gusmão, Victoria Velasco Tate, que são os programadores; e pelo bacharel em Ciência da Computação Wellington Rodrigo Freitas Costa, responsável pelo suporte técnico do projeto; além do líder do projeto, Alexandre Sztajnberg. Já a equipe de saúde tem entre seus integrantes, além da coordenadora do NAI, Luciana Motta, a professora Célia Pereira Caldas, vice-diretora da UnATI; o enfermeiro André Brittes, que coordena as ações relacionadas ao teste clínico; a assistente social Danielli Santos do Carmo; médicos residentes do programa de geriatria do NAI Nubia Durães, Isabela Fiad, Yussef Abrahim; e as residentes do programa de residência multiprofissional em saúde do idoso, a enfermeira Ana Beatriz da Silva de Oliveira e a nutricionista Carla Sabrine Gomes Rodrigues.
Assessoria de Comunicação FAPERJ