A importância da metodologia está na rápida identificação dos locais onde houve movimentos de terra para agilizar o resgate de vítimas e aumentar as chances de encontrar sobreviventes. O trabalho científico foi publicado em janeiro de 2014 no periódico Environmental Monitoring and Assessment (classificação máxima pela agência de fomento à pesquisa brasileira CAPES). Nesta terça-feira (14) a Gazeta do Povo publicou uma reportagem sobre a pesquisa. Confira.
Quando acontece um abalo sísmico, os movimentos de massa podem ocorrer a uma distância de 50 km do epicentro do evento e existe um período crítico de 72 horas para operações de resgate e salvamento. O método desenvolvido indica o local do movimento de massa com um erro de 2 km. O uso de helicópteros permite que essa diferença seja facilmente superada.
A metodologia foi desenvolvida com uma ferramenta computacional chamada de redes neurais artificiais e que imitam a arquitetura do neurônio humano. O pesquisador alimenta a ferramenta com dados de abalos sísmicos que já aconteceram. Com base nisso, o programa cria uma fórmula cujo resultado é o local onde ocorreu um movimento de massa. São utilizadas as informações: proximidade do epicentro com rios, topografia da região e falhas geológicas. Com os padrões, o sistema cria uma equação que permite indicar os locais de movimentos de terras em eventos futuros.
Para chegar ao resultado, o pesquisador utilizou o histórico de 3.883 casos de movimentos de massa ocorridos entre o período de 12 de maio de 2008 (data do epicentro principal) e setembro de 2008 em Shichuan. O programa foi preenchido com todos os dados (inclusive o resultado) em 90% dos casos. Assim, o sistema identificou os padrões de ocorrência durante o treinamento das redes neurais artificiais (aprendem, tal como o cérebro humano, através de exemplos). O restante dos casos, 10%, validam o modelo. São preenchidas as informações sobre a localização do abalo sísmico e características da região. O resultado gerado pelo modelo sobre o local do movimento de massa é comparado com o histórico real. O modelo é aceito quando os erros forem menores que 4%.
O modelo pode ser aplicado em qualquer região em que abalos sísmicos aconteçam com frequência. De acordo com Souza, o ideal é alimentar o sistema com o histórico dos eventos naturais da região. As coordenadas do epicentro do abalo sísmico são disponibilizadas pelo órgão americano U.S. Geological Survey (USGS).