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Chegar ao vilarejo de Kheri, na zona rural do estado indiano de Ragesthan, é um desafio. As ruas estreitas dificultam tanto o acesso que nem a energia elétrica chegou à localidade. A vila tem cerca de 2.200 pessoas que vivem sem luz, água encanada e rede coletora de esgoto. O isolamento total só ficou para traz quando a comunidade passou a ter acesso à internet banda larga.
O sinal de internet que chega à região é resultado da tecnologia desenvolvida pela empresa VNL, visitada na última quinta-feira (29) pela comitiva catarinense que cumpre agendas na Índia. Foi a chance de conferir de perto o funcionamento do processo que tem como base a captação da energia solar através de painéis fotovoltaicos.

A energia convertida por essas placas carrega as baterias. Conectadas às torres, elas alimentam o receptor que capta o sinal wi-fi e o distribui para as antenas espalhadas pela região. Uma delas fica no topo da Escola Primária de Kheri que atende 150 crianças da comunidade. O espaço sequer tem carteiras, mas está conectado ao resto do mundo através da internet. O modelo adotado em Kheri foi adaptado para centenas de comunidades da Índia, além de países como Nepal, Uganda, Butão e Bolívia. A intenção agora é trazê-lo para o Brasil. “Se essa tecnologia for aplicada nas escolas do país, as pessoas podem se comunicar através de vídeo conferências, interagir através da rede”, diz o Chefe Executivo da VNL, Ravi Ailawadhi. “Essa é a razão pela qual o sistema pode beneficiar escolas brasileiras de todos os cantos”, projeta ele.

Pensando nisso, a empresa desenvolveu um projeto piloto para a comunidade de Águas Mornas, na região da Grande Florianópolis, com o apoio da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul). Além do interesse no intercâmbio tecnológico, a instituição trabalha para identificar novos parceiros. “Se essa localidade, nas condições econômicas e sociais em que eles vivem, consegue colocar um processo de informatização nesse espaço chamado escola, com essa população, nós em Santa Catarina com as nossas condições e com a nossa capacidade podemos fazer bem mais”, afirma Ailton Nazareno Soares, reitor da universidade.

Prefeitos que integram a delegação catarinense em visita à Índia são unânimes: a tecnologia vai muito além da simples possibilidade de acesso à internet. “Eu entendo que esse projeto possibilita às pessoas a oportunidade da inclusão social através do conhecimento”, destaca o prefeito de Palhoça, Ronério Heiderscheidt. “Certamente a gente pode agregar às nossas escolas rurais essa tecnologia que vai proporcionar sem dúvida alguma a inclusão digital”, completa Paulo Eccel, prefeito da cidade de Brusque.

Para o chefe da comitiva, deputado Jailson Lima (PT), é o começo de uma revolução educacional em todos os sentidos. “Aqui a gente vê isso sendo trazido para o interior da Índia, e com energia solar. É a sustentabilidade não apenas do ponto de vista energético, mas principalmente da forma veloz com que se traz a informação para que essas crianças consigam olhar o outro lado do mundo”, frisa o parlamentar.