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O físico e astrônomo italiano Valerio Carruba, da Faculdade de Engenharia (FEG), Câmpus de Guaratinguetá (UNESP), identificou os 92 corpos celestes que compõem a família de asteroides Tina. O trabalho foi realizado em parceria com o astrônomo italiano Alessandro Morbidelli, do Observatório de Côte d'Azur, em Nice, na França. Por meio de simulações, os cientistas obtiveram uma estimativa de idade de 170 milhões de anos para esse grupo de corpos celestes.
Com o título On the first v6 anti-aligned librating asteroid family of Tina, o artigo foi publicado na Monthly Notices of the Royal Astronomical Society. Criada em 1827 e considerada líder em astronomia e astrofísica, a revista científica é conhecida pelo rigor de sua revisão por pares, ou seja, quando o estudo é analisado por outros cientistas de renome na mesma área.

Asteroides sobreviventes

Família de asteroides é um grupo de corpos que dividem uma origem comum na explosão de seus progenitores. O conjunto recebe o nome do asteroide com identificação numérica menor, nesse caso, o (1222) Tina , descoberto em 1932 pelo astrônomo belga Eugène Delporte (1882-1955).

A família de Tina está localizada em um ponto do Sistema Solar chamado cintura principal ou cinturão de asteroides. Esse é o nome dado ao espaço compreendido entre as órbitas dos planetas Marte e Júpiter, e é chamado assim porque nessa “faixa” há uma grande concentração desses corpos celestes. Em 1987, cientistas europeus observaram que o asteroide (1222) Tina orbitava em uma ilha de estabilidade. O trabalho do professor da Unesp não apenas identificou os 92 membros da família e descreveu as características de suas órbitas, como ainda indicou a existência de outros 18 asteroides orbitando nessa mesma ilha.

“Essa é uma nova família de asteroides e a única do Sistema Solar a operar em uma ilha de estabilidade numa ressonância secular linear”, afirma Carruba. Ressonância secular linear ocorre quando um corpo e um outro de massa maior sincronizam a precessão (eixo de rotação) do pericentro, que é o ponto mais próximo do sol da órbita. Esse fenômeno físico pode alterar a inclinação do corpo menor e aumentar sua excentricidade, que é a medida da parte mais estreita da órbita elíptica. Quanto maior a excentricidade, mais instável é a trajetória. Perturbações desse tipo podem levar um asteroide a invadir a órbita de um planeta e se chocar com ele.

A ressonância circular linear v6, onde está a família de Tina, é uma das mais desestabilizadoras do Sistema Solar. Ela lança corpos celestes em direção à órbita de Marte. Carruba explica que essa foi a causa da extinção de um grande número dos asteroides que havia na cintura principal quando ela se formou. “A estabilidade de Tina permitiu que ela se mantivesse como um grupo de asteroides sobreviventes e em razoável segurança.”

UNESP Assessoria de Comunicação e Imprensa